O Banco do Brasil atormenta, sem dó nem piedade, os funcionários, principalmente os que participaram da greve, um movimento legítimo e garantido pela Constituição Federal. A direção da empresa tenta coagir os bancários para que todos cumpram, mesmo que irregularmente, as horas paradas.
O abuso é tanto que o BB chega a prevê a suspensão dos abonos, férias e da licença-prêmio até 15 de dezembro para que a compensação seja integral. Um desrespeito ao aditivo. Pelo acordo, “as horas não trabalhadas poderão ser compensadas, a critério do bancário, observada a conveniência do serviço, como horas adicionais à jornada regular, na proporção de 1 hora não trabalhada para cada hora adicional prestada”.
Na prática, os gestores estão rasgando o acordo legal assinado com os sindicatos, fazendo ameaças de toda sorte, inclusive de abertura de inquérito administrativo, chegando ao cúmulo de suspender férias, abonos e folgas previamente agendados. Um verdadeiro assédio moral coletivo.
O Sindicato dos Bancários da Bahia lembra que o funcionário não é obrigado a assinar nenhum documento que poderá ser usado contra si, notadamente em matéria cujo conteúdo foi objeto de negociação coletiva, no caso especifico compensação dos dias de greve.
Caso vai parar no Ministério Público
O terror praticado pelo BB é tão grave que o caso foi parar no Ministério Público do Trabalho (MPT). A Comissão de Empresa dos Funcionários se reúne com o MPT no dia 3 de dezembro, em Brasília, para tratar da representação feita contra a instituição financeira por práticas antissindicais e discriminação pós-campanha nacional em relação aos bancários que exerceram o legítimo direito de greve. A audiência é às 14h30.
Para o secretário-geral do Sindicato, Olivan Faustino, o BB extrapola na prática antissindical, “quando em seu Boletim Pessoal com assinaturas dos Diretores Carlos Eduardo Leal Neri e Carlos Alberto Araújo Netto, afirma que o tratamento será passível de análise sob o aspecto disciplinar, caso o funcionário não consiga cumprir o acordo”.
A convenção, no entanto, é assinada pelo Sindicato e não de forma individualizada. Vale lembrar ainda que o banco ainda não cumpriu o acordado. Estão pendentes questões como a implantação do mérito para os caixas, a resolução da situação das comissões no call center e o ajuste do A-1 para o A-2.
“O que observamos é um desrespeito e falta de sensibilidade com o trabalhador, que com dedicação e eficiência garantiu que o BB fechasse setembro com ativos totais de R$ 1,104 trilhão, crescimento de 16,2% em relação a 2011. A hora, portanto, é de confraternizar com o funcionalismo, e não de fazer terrorismo”, completa Olivan Faustino.
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