Um relatório recente do Departamento Econômico do Banco Central (BC) apontou importante indicador da relação entre bancos públicos e privados no Brasil, no que diz respeito a participação dessas instituições na fatia do mercado de concessão de crédito e financiamentos. De acordo com o levantamento, nos últimos quatro anos, vem crescendo substancialmente a parcela das instituições públicas nesse segmento. Em setembro de 2008, para se ter ideia, os bancos privados nacionais detinham 47,9% das operações de crédito, caindo para 37,1% do mercado em 2012. Isso aconteceu tanto com os privados nacionais, como estrangeiros. No caso dos estrangeiros, antes responsáveis por 21,4% dos créditos, essa participação caiu para 16,7% no último mês de setembro. Em contrapartida, os bancos públicos, que à época detinham 30,7% do estoque de créditos, são agora detentores de 46,2% dos R$ 2,237 trilhões emprestados a terceiros – pessoas físicas e jurídicas.
Esse indicador torna-se mais importante, quando se verifica que nos últimos quatro anos o volume de crédito concedido no Brasil para empréstimos e financiamentos praticamente dobrou. O estudo do BC identifica ainda que essa relação entre públicos e privados tende a aumentar. Como fatores responsáveis pela maior presença no mercado de concessões de crédito das instituições financeiras de caráter público, estão o receio natural depois da crise financeira generalizada com a falência do Lehman Brothers, mas fundamentalmente a mudança no perfil creditício do país. Mudanças como o crédito consignado, com desconto direto do salário, e o aumento dos financiamentos imobiliários, levaram o consumidor a optar pelos públicos que oferecem bem melhores condições.
Não se pode esquecer nessa cesta ainda, o crescimento do emprego e da renda nos últimos anos, e as reduções da taxa básica de juros (Selic). É fato, portanto, que estamos longe de uma taxa de juro ideal, mas já se nota algo novo nesse campo.
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