*Dorisval de Lima
Criada há trinta e três anos, a Caixa de Assistência Médica dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil S/A – Camed - é uma importante entidade de promoção de serviços na área da saúde. Foi constituída para integrar a política de Recursos Humanos do BNB, tendo como patrocinadores o próprio Banco e os seus funcionários, os quais seriam os exclusivos responsáveis pelo aporte de recursos financeiros necessários para a sua manutenção. É a chamada autogestão, com o caráter solidário, de mútuo, sem fins lucrativos, portanto. Essa filosofia, que perdurou de forma exclusiva durante algum tempo, foi responsável pela caixa ser considerada como um plano de excelência, cumpridora dos seus propósitos de forma adequada, satisfatória, sem qualquer tipo de reclamação por descumprimento das suas atribuições.
Infelizmente, não é mais o que se observa hoje! Em decorrência de sucessivas administrações que não se pautaram adequadamente pelas premissas e filosofia que nortearam a sua constituição, a Camed tem precarizado, gradualmente, o atendimento aos usuários do seu plano de autogestão. Carência de profissionais credenciados, principalmente nas localidades fora dos grandes centros, demora e negação na autorização de procedimentos, exposição de usuários a vexames e constrangimentos em sala de cirurgia por autorização indevida (ou falta), indiferença diante de questionamentos, exclusão de usuário à revelia sem comunicação prévia, por exemplo, ilustram muito bem (mal) o descaso com que os usuários estão sendo tratados e o caos estabelecido na instituição.
Coincidentemente, essa realidade de precarização do atendimento aos usuários do plano de autogestão, tem seu nascedouro com o advento do plano de mercado, cerca de quinze anos atrás, sob a ótica neoliberal de que o “mercado regula tudo”, e gera resultados financeiros. Tal política representou uma contravenção à lógica de constituição da caixa, cuja razão de ser remete à política de Recursos Humanos do BNB com o estabelecimento de um plano “auto-administrado”. Além do mais, não logrou êxito a tese do resultado financeiro, pelo menos de forma positiva, pois o que se tem observado são constantes prejuízos, incompatibilidade de atendimento diante da demanda, além da existência de passivos jurídicos em decorrência de reclamações por parte de usuários do plano de mercado, o que tem onerado substancialmente os cofres da caixa, colocando em risco a sua sustentabilidade.
Seria até de fácil solução, pelo menos em médio prazo, se os riscos pairassem nos elementos pontuados. Somam-se a esse elenco de fatos, atos administrativos que avolumam os riscos: superconcentração de poderes nas decisões, isolamento de instância da gestão (conselheiros eleitos), o que atenta contra o princípio da governança corporativa, contratação e pagamento de serviços sem a adequada correspondência, custos com locação de imóvel sem qualquer serventia, concentração de direcionamentos sobre serviços de seguro (Camed corretora), incremento de salários sem critérios, inchaço do corpo de funcionários. Como se pode perceber, realmente está um caos! A situação exige melhorias, tomada de medidas urgente, portanto!
Essa lamentável realidade exige do principal patrocinador, o BNB, uma ação direcionada para restabelecer a saúde da Camed, para estancar o aumento do risco da sua própria sobrevivência. Assim, espera-se que os ares de mudanças que o Banco tem anunciado, de fato, sejam sentidos, inclusive na Camed, para que esta volte a ser uma ação de Recursos Humanos do BNB, tal como foi idealizado quando da sua constituição.
É preciso a máxima atenção para esse fato, sob pena de assistirmos a mais um “hóspede” da UTI não “retornar mais para o seu lar” e passar a jazer na história.
*Dorisval de Lima é funcionário do BNB e diretor de Comunicação e Cultura da AFBNB
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