A abertura de novas oportunidades de negócios, a partir do surgimento de grandes empreendimentos no Estado, está, aos poucos, quebrando um paradigma da cultura empresarial cearense e nordestina: o receio de fazer parcerias. Diante da necessidade de atender demandas de produtos e serviços, cada vez mais crescentes, micros e pequenas empresas estão juntando as forças e as experiências para suprir, de forma integrada e completa, as exigências industriais e tecnológicas dos novos empreendimentos que se anunciam.
Ontem, em mais uma rodada de negócios promovida pelo Sebrae-CE, 31 micros e pequenas empresas cearenses sentaram-se à mesa, em torno de duas empresas âncoras, uma cearense e uma pernambucana, para prospectarem negócios e parcerias comerciais. Os empresários apresentaram, um a um, o portfólio de suas empresas e conheceram o perfil da Cone BR, administradora de condomínios logísticos, em implantação em Suape, e do Grupo Camol, que atua no segmento da construção civil e na fabricação e montagem de estruturas (galpões) em aço.
Paradigma
"Aos poucos o microempresário está quebrando esse paradigma (medo de fazer parcerias), e gerando novos negócios", avalia Luciana Ferreira, executiva de Negócios da Fort Canos, microempresa cearense, que recicla e produz tubos e eletrodutos plásticos à construção civil. Segundo ela, a reunião de grupos de pequenas empresas em sindicatos, associações e parcerias com outras do mesmo porte tem aberto caminhos para negócios com grandes empresas, entre as próprias MPEs e até para importação e exportação.
"A união dos pequenos tem gerado a força, porque faz volume, tanto para comprar, quanto para vender (produtos e serviços, além de agregar valor´, destaca Luciana Ferreira. "Fazer parcerias hoje, é primordial, porque as grandes empresas quando chegam querem serviços completos (de engenharia, montagem, elétrico e hidráulico etc.) e, devido a especialização cada vez maior das microempresas, muitas vezes precisamos nos unir para atender a demanda, para não perder o negócio", acrescenta Luardo Mendes, da Kopelsa Soluções Elétricas.
Âncoras
O diretor geral do Grupo Camol,Carlos Mota, também comunga com a opinião dos demais empresários. Ele explica que o "medo da parceria" ocorria por falta de oportunidades, de negócios, o que hoje já não existe mais.
"Antes, um parceiro era visto também como possível concorrente. Hoje, com as novas demandas, a união é uma necessidade. Ou as empresas cearenses se unem, ou vamos ser engolidas pelas de fora, e com a nossa mão de obras", alerta Mota.
Ele conta que foi ao evento em busca de parceiros para atuarem juntos nas instalações gerais (elétricas, hidráulicas, de telefonia etc) dos galpões que comercializa e monta em vários tipos de empreendimentos. "Nós fazemos apenas a carcaça e às vezes, o cliente quer o "turn key" (serviço completo). Daí a parceria é essencial", ressalta.
"Nós estamos precisando de parceiros para construir o nosso empreendimento", aponta o gerente de suprimentos da Cone BR, Mariano Lima. Para ele, a falta de mão de obra e de prestadores de serviços é um problema também em Pernambuco.
Segmento gera 97,4% do emprego formal
São Paulo. O candidato a emprego com carteira assinada deve procurar a vaga nas micros e pequenas empresas, aquelas com até 100 funcionários. Em agosto, a geração de postos de trabalho em organizações com esse perfil bateu um recorde que não se via desde 2003: 97,4% dos novos empregos estavam nas menores firmas do País.
O número é 20 pontos porcentuais maior que a proporção de 77,3% que foi registrada em julho, e foi divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. "A economia brasileira vive um momento favorável que impacta positivamente na contratação de mão de obra nos pequenos negócios, que são focados no mercado interno e, por isso, menos prejudicados pela crise internacional", explica o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Segundo ele, as áreas que levaram o setor de serviços a liderar a contratação em agosto foram as de comércio e administração de imóveis, ensino e serviços de alojamento e alimentação. O ramo da educação, por exemplo, criou quase 23 mil vagas apenas em agosto último. Alojamento (que envolve, entre outras coisas, hospedagem) e alimentação geraram 11.352 postos nesse mesmo período.
Seleção de candidatos
Para o dono da consultoria de recursos humanos DRH, Hamilton Teixeira, quem se candidata a vagas em micros e pequenas empresas tem de estar disposto a se envolver mais com a chefia.
"No caso dos negócios menores, você fica muito próximo do poder, que é o dono ou família proprietária. São necessários agilidade e flexibilidade para se adaptar a isso."
"O empreendedor deve escolher colaboradores que tenham identidade com o negócio", completa o presidente do Sebrae.
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