Após dez dias de muita luta e demonstração de força, os trabalhadores do Banco do Nordeste do Brasil decidiram encerrar a greve. Assim, as agências do Banco, que se encontravam paralisadas na sua quase totalidade, voltam às atividades normais a partir desta sexta-feira (28). Embora a maioria das assembléias da quarta-feira (26), a exceção de três, tenham rejeitado a proposta do Banco e mantido o movimento, a categoria tomou a decisão de retornar às atividades, em assembléias realizadas ontem (27) e no início do dia de hoje (28) (*Vale registrar que em Juazeiro (BA), a agência do BNB permanece paralisada no dia de hoje (28) com reunião marcada para segunda (1/10), segundo informações de um dirigente da Federação BA/SE). O fato motivador para a decisão foi a falta de perspectiva de avanços para além da proposta já apresentada pelo Banco/governo.
Ao invés do atendimento aos anseios da categoria, o que se verificou foi a insensibilidade e a chantagem de que somente estariam asseguradas para efeito de “compensação” as ausências até o dia 27, portanto, a partir de hoje (28) seria considerado como falta injustificada. É lamentável esta conduta de um governo que conta com prepostos os quais, antes dos fascínios do poder, foram protagonistas da pedagogia da greve durante anos. Ou seja, foi mais um triste capítulo da novela “tomamos chá de amnésia!”.
Lamentável também foi o encaminhamento dado pelo Sindicato dos Bancários do Ceará – no Estado sede do Banco – que, em total descumprimento da deliberação da assembléia anterior (já que a próxima assembléia seria no dia 1/10), fundamentou-se no argumento governista no que se refere à compensação dos dias parados - considerando-o “um fato novo” na proposta - e “justificou” a convocação de assembléia de última hora para o dia de ontem (27) com o intuito exclusivo de encerrar o movimento, haja vista não haver, de fato, proposta diferente da que fora rejeitada pela categoria no dia anterior. Logo, não havia o que apreciar nem sobre o que deliberar. Pior ainda foi a informação inverídica de que a maioria das assembléias do dia anterior havia deliberado pelo fim da greve no BNB, num flagrante ato de indução ao encerramento.
A AFBNB reitera o entendimento de que a proposta apresentada pelo Banco, ora aprovada pelas assembléias em segundo momento, não contém avanços e não repara as demandas históricas e pendentes, que têm motivado as greves na instituição. Enfim, a proposta não contempla nem de longe as perdas salariais acumuladas ao longo de anos, tampouco sinaliza melhorias quanto à isonomia, plano de cargos, jornada de seis horas, questão previdenciária, fim do assédio moral, superação do caos nas agências e melhorias nas condições de trabalho, por exemplo. Como afirmamos várias vezes, o movimento no BNB se deu para além das questões de natureza eminentemente salarial, ou seja, foi pelo conjunto da “obra”.
Urgente se faz que o Banco apresente provas concretas na busca da solução para os graves problemas existentes, haja vista o acordo a ser assinado não apontar nesta perspectiva, sendo tão somente a repetição do “mais do mesmo” que tem marcado as negociações nos últimos anos. Os trabalhadores do Banco não suportam mais tal situação. Estão desgastados, desmotivados e céticos em decorrência de anos de embromação, de mentiras, de promessas, do não cumprimento dos acordos e do descaso sobre o que lhes é de direto. Precisam ser reconhecidos e valorizados, portanto! Assim, cumpre ao Banco recuperar a credibilidade junto aos seus recursos humanos com políticas e medidas concretas e satisfatórias para que os mesmos, além de vislumbrarem um novo tempo na instituição, possam ter garantidas, de fato, as condições objetivas para a realização do seu trabalho.
A Associação se congratula com os funcionários do Banco que se dignaram a lutar e os parabeniza pela ousadia e coragem! Conclama todos para que continuem mobilizados, e se coloca ao seu lado para os enfrentamentos vindouros. Por oportuno, reitera que, apesar do desfecho, da indignação, das adversidades e dos adversários, não se deve arrefecer. A luta sempre vale a pena, pois, ainda que o resultado concreto não tenha trazido avanços significativos, o pouco que se obteve simboliza conquista, por ter sido fruto da luta, do esforço e suor dos trabalhadores, não sendo uma dádiva dos patrões.
O maior legado do movimento é a consciência de que somente por meio das lutas
se conquista. Nossa ação não termina aqui!!!
|
28/09/2012
