Na mesma tarde em que foi formalizada a posse do novo presidente do Banco do Nordeste (BNB), Ary Joel de Abreu Lanzarin, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se pronunciou durante o evento, anunciou a redução das taxas de operações financeiras do banco, as quais cairão para 2,5% ao ano - a menor da história da instituição.
O BNB não informou o valor da taxa anterior, explicando que a redução só será oficializada na semana que vem, após Medida Provisória para modificar a alçada do Ministério da Integração Nacional para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
O ministro também informou ontem que haverá queda das taxas do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). A taxa mínima, disse, passará de 3,75% para 3,5% ao ano. Já a máxima, de 10% para 8% ao ano. A menor taxa é destinada a mini e micro empresas do setor agropecuário localizadas no semiárido. A maior, por sua vez, é voltada para empresas de grande porte no setor urbano.
Já a taxa o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), terá os juros reduzidos de 6,5% para 5% ao ano.
Bom humor
Demonstrando bom humor, o ministro iniciou o discurso afirmando que o novo presidente da instituição possui "apenas um defeito: não é cearense".
Após arrancar risos com a declaração, Mantega acrescentou que Lazarin, natural de Santa Catarina, "reúne todas as condições para administrar um banco da importância do BNB, com extrema competência". Pouco depois, ao se pronunciar, o governador Cid Gomes também comentou a origem de Lanzarin, afirmando que se comprometia a enviar ao Legislativo uma pedido de título de cidadão cearense ao gestor. "Com o seu desempenho, que eu tenho certeza que será positivo, eu mesmo me comprometo de enviar à Assembleia Legislativa o pedido de título de cidadão cearense para o senhor", disse ao presidente.
Por que ele?
"O novo presidente do Banco do Nordeste foi escolhido para esse cargo em função da sua experiência. Foi um funcionário de carreira do Banco do Brasil que galgou todos os postos importantes no banco, até chegar ao nível de diretor de distribuição. Inclusive, foi superintendente em várias regiões do País, inclusive aqui no Nordeste".
Após justificar a escolha do gestor, Mantega também enalteceu a atuação do banco nos últimos anos, afirmando que o BNB tem sido importante não apenas para o desenvolvimento do Nordeste, mas de todo o País. Ele também ressaltou que a instituição ocupa a nona posição entre os bancos no Brasil, considerando o volume de ativos.
Metas mais ousadas
Após salientar que o banco tem financiado uma média de R$ 20 bilhões por ano em operações de crédito, o ministro afirmou que o dado deverá ser ampliado nos próximos anos. "Vamos (posteriormente) cobrar metas ainda mais ambiciosas".
Mantega comentou que o BNB é "forte particularmente no microcrédito, "que é uma linha fundamental para o País". "E, na gestão de Ary Joel, o banco vai continuar expandindo crédito e reduzindo as taxas de juros, de modo a ser uma importante alavanca para o crescimento desta Região", acrescentou.
No auditório
O discurso de Mantega se deu em um auditório - com capacidade para 300 pessoas - lotado, no qual estavam presentes parlamentares, empresários, jornalistas, diretores do BNB, funcionários e representantes de alguns dos estados abrangidos pelo banco.
Ficou evidente o apoio do governo federal à presidência do banco. Além de Mantega, participaram da ocasião os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e da Previdência, Garibaldi Alves. Apenas este último não discursou.
Ao final do discurso, Mantega ressaltou mais uma vez o suporte, afirmando que o BNB é necessário para dar seguimento, na Região, a intenção do governo federal de tornar as empresas mais competitivas e ampliar o crédito aos consumidores e empreendedores.
"É por isso que precisamos de um Banco do Nordeste forte, que lidere esse processo. Posso dizer ao Ary Joel que não faltará o meu apoio e crédito do governo federal", frisou, desejando, em seguida, "boa sorte" ao novo presidente.
Relação com União
Para o atual presidente da Adece e ex-presidente do BNB, Roberto Smith, o apoio do governo federal à instituição "sempre existiu". "Mas, às vezes, de uma forma demorada no atendimento", comentou, destacando que os apelos da gestão do banco nem sempre eram ouvidos prontamente pela União.
A queda da taxa de juros, disse, representa uma luta do BNB que já existia durante a sua gestão, a qual durou oito anos - de 2003 a 2011.
"Isso (a queda das taxas) vem de encontro a atender uma demanda do empresariado, dos microempreendedores. Isso vai realmente ter um efeito muito importante para a expansão de investimento, que é a melhor resposta que a gente tem para crise", comentou.
"Acho que o governo está muito atento com essa questão da crise. Ela é patente e o governo tem sido muito atuante e tem conseguido debelar", acrescentou Roberto Smith.
Segundo a organização da cerimônia de posse, cerca de 500 pessoas foram convidadas ao evento, que foi transmitido através de vídeo-conferência. Os organizadores estimam que entre 350 e 380 convidados estiveram presentes na tarde de ontem.
Redução
3,5% será a nova taxa mínima das operações do FNE. O menor valor era de 3,75%, voltado para mini e microempresas do setor agropecuário, no semiárido
Estados do Nordeste terão maior crescimento
Em meio aos comentários feitos à atuação do Banco do Nordeste (BNB) e as perspectivas, para os próximos anos, com a mudança de gestão, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também destacou uma série de aspectos ligados ao desenvolvimento, na última década, do Nordeste.
O ministro apontou um estudo, da consultoria americana McKinsey, segundo o qual, até 2020, o mercado de consumo brasileiro será o quinto maior do mundo. O mesmo levantamento, disse, aponta que os seis estados do País que mais crescerão, em vendas, entre 2010 e 2020 são do Nordeste.
Sem citar nomes, o ministro comentou que, nos últimos anos, houve estados nordestinos que superaram a taxa de crescimento da União e mesmo de alguns países asiáticos. "Eles cresceram mais do que a China, mais do que 10% ao ano". Segundo Mantega, o BNB teve papel importante para que esse cenário fosse alcançado. "Hoje, o Nordeste possui vários indicadores sociais que se comparam às demais regiões do País. O aumento do tempo da escolaridade, universidades, a população tem mais acesso a energia elétrica", exemplificou.
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