Tem sido pauta na mídia, ultimamente, depois das mudanças promovidas pela Presidenta da República, Dilma Roussef, na diretoria do Banco do Nordeste do Brasil, as expectativas com relação à estratégia que a instituição vai adotar a partir das mudanças na gestão do banco, principalmente na Presidência.
E não é à toa essa preocupação, haja vista os diversos sinais que têm sido dados, tais como um nome na presidência do Banco que não tem conhecimento da região e de suas necessidades, por ele mesmo relatado em entrevista ao jornal O Povo; o perfil do novo presidente, que tem expertise junto às MPE´s, sem tradição, portanto, no crédito especializado de operações de longo prazo; o direcionamento central de atuação de caráter exclusivamente no pequeno, diminuindo o apoio a projetos estruturantes de maior envergadura, de acordo com o que se tem veiculado, pelo menos com o FNE, ficando em tese compartilhados com o BNDES.
Aliado a isso, e a Associação acompanhou e mobilizou de forma intensa, houve a aprovação da Medida Provisória 564/2012, que ao flexibilizar a operacionalização do FDNE permitiu a discussão e a inserção no texto do parecer aprovado no Congresso da capitalização do Banco do Nordeste em R$ 4 bilhões até o final de 2014, sancionado na Lei 12.712, na última quinta-feira.
Ademais, também foi autorizada a abertura de mais 108 agências e a ampliação do quadro de funcionários. Além disso, no âmbito interno o Banco está vivenciando o que se tem chamado de “um novo momento”, com indicação, inclusive, de mudanças na estrutura organizacional.
Nesse contexto, em princípio, a Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) reitera a necessidade e importância de que o BNB tenha sua estratégia referenciada num Projeto Nacional de Desenvolvimento, com recortes regionais, onde ao Nordeste e Norte estejam asseguradas as condições objetivas para o desenvolvimento regional. Para tanto, a entidade tem contribuído, ao longo de sua trajetória de 26 anos, com documentos importantes, que podem subsidiar a discussão democrática com a sociedade nordestina e brasileira sobre o BNB que queremos.
Em 2006, a Associação publicou o livro “Por um Nordeste Melhor” com 11 estratégias para o desenvolvimento regional. Já no governo da Presidenta Dilma, a Associação em várias oportunidades apresentou a "Carta Compromisso com o Desenvolvimento Regional", documento que faz um resgate das estratégias defendidas pela entidade, e está centrado na construção de um Brasil-Nação com o apoio do Banco do Nordeste, enquanto banco de desenvolvimento regional, democrático e ético.
Para a AFBNB o processo de trabalho a ser desenvolvido pela Diretoria do Banco deve consubstanciar capacidade e autonomia para apresentar e defender os interesses da região, sob a ótica de um banco regional de desenvolvimento, com 60 anos de experiência nas suas atividades. Nessa conjuntura a diretoria deve dialogar com o Ministério da Fazenda e a Casa Civil e ratificar o papel diferenciado do BNB em relação aos demais bancos públicos, que, para o bem da sociedade brasileira, é banco regional com prerrogativas constitucionais e características específicas, seja pelo seu quadro técnico ou pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE, mas, principalmente, por sua forma de atuação na estruturação da atividade econômica na região e na democratização do desenvolvimento. Por isso, junto com os outros órgãos regionais, é um imprescindível agente de desenvolvimento do Nordeste.
É esse referencial que deve ser o balizador da estratégia direcionadora de todas as ações realizadas pela diretoria, tanto no aspecto político-institucional - fundamental nesse momento de discussão do papel da instituição -, assim como na operacionalização de suas atividades, obviamente, sob a égide da ética e da democracia. Não obstante a divulgação pela diretoria do Banco da estratégia da meta de R$ 500 milhões de lucro em 2012, o que a sociedade nordestina espera e precisa é o desenvolvimento. Isso é o que faz a identidade do BNB e o fortalece institucionalmente e no imaginário coletivo, que acredita na sua ação transformadora.
Finalmente, o referencial desenvolvimentista, embora timidamente apresentado nos últimos discursos, precisa vir a ser a tônica mestra da instituição.
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