* Rita Josina
De fato, a escolha direta de Dilma Rousseff para a presidência do BNB, sem interferência de políticos cearenses e nordestinos, quebrando uma “tradição” de décadas, representou um avanço significativo no que diz respeito a influências políticas na gestão do Banco. No entanto, essa ingerência político-partidária, que vem de longa data e está incrustada na instituição, não vai ser tão facilmente resolvida com uma simples nomeação da presidenta.
Para que ocorra, definitivamente, o fim da influência política na gestão do Banco do Nordeste do Brasil – que a Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) defende veementemente - é preciso que se criem mecanismos concretos para tal, que vão bem além da escolha de um presidente “não nordestino” para o Banco. Perpassa, principalmente, pela implantação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, em que a região nordestina tenha uma relevância objetivamente construída, considerando as suas necessidades, a partir da participação democrática e representativa das forças políticas locais, especialmente dos pequenos produtores, da sociedade civil e dos movimentos sociais, inseridos num Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste.
Dentro deste contexto, o BNB passaria a ter uma missão preponderante e imprescindível. A partir deste referencial, se implementaria, então, concreta e eficazmente, a meritocracia e a concorrência interna para a ocupação dos cargos de gestão no Banco, minando, dessa forma, a influência política nesses quadros.
Outra maneira de garantir o fim das ingerências políticas no Banco seria vincular a escolha de todos os cargos de direção a uma consulta junto aos funcionários, por meio do sistema de votos. Isso mesmo: eleição direta para diretoria e presidência do BNB.
Vão dizer que estamos sonhando ou namorando o impossível. Ora, não fossem os desejos utópicos por mudanças, muitas das conquistas dos trabalhadores jamais teriam sido alcançadas!
Rita Josina é presidenta da AFBNB
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