O volume de financiamento do BNDES ao Nordeste, nos primeiros cinco meses do ano, foi 2,5% menor do que no mesmo período do ano passado
O Banco Nacional do Desenvol-vimento (BNDES) não está suprindo a lacuna deixada pelo Banco do Nordeste (BNB), orientado pelo Governo Federal a priorizar micro e pequenas empresas. Segundo relatório do BNDES, de janeiro a maio deste ano, foram destinados cerca de R$ 5 bilhões ao Nordeste, uma queda de 2,5% com relação ao mesmo período de 2011.
O Sudeste, com quatro vezes mais crédito concedido pelo banco nacional, R$ 20,5 bilhões, apresentou o mesmo percentual de queda. A Região Norte foi a única que teve maior volume de crédito pelo BNDES, totalizando R$ 4,9 bilhões nos primeiros cinco meses do ano, 64% a mais do que em 2011.
O balanço semestral do Banco do Nordeste mostrou que as operações de crédito contratadas para a indústria tiveram queda de 14,3% com relação ao mesmo período do ano passado, enquanto foi zerado o valor destinado à infraestrutura. Segundo nota do balanço, a queda se deve à crise econômica mundial e às novas diretrizes do BNB, com limitações ao crédito para grandes clientes e pelo redirecionamento dos projetos de energia eólica para o BNDES.
Repercussão
Coordenador da bancada do Nordeste e vice-líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) diz que há um equívoco quanto às novas diretrizes para o BNB e classifica como “absurda” a relação do BNDES com a Região. “Para que brigamos pela capitalização do BNB? Só micro e pequeno não atende a demanda por crédito do Nordeste”, provoca. Para ele, o BNB deveria voltar-se também para as obras estruturantes.
Para Nicolle Barbosa, presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), o Banco do Nordeste está minguando, o que preocupa o setor produtivo. “Fica tudo concentrado em Brasília, com tecnocratas que não entendem do Nordeste. Claro que o BNDES tem capacidade de operar, mas com olhar diferente do BNB”. Ela destaca que o CIC está fazendo um estudo sobre a região, o início de uma mobilização por um tratamento adequado ao Nordeste por parte do Governo Federal.
Para Euvaldo Bringel, presidente do Instituto Frutal, o BNDES não tem conhecimento, nem capilaridade para ocupar o espaço do BNB. “É o BNB que conhece, que tem especialistas, pessoas que conhecem a região”.
Já para o presidente da Durametal, Fernando Cirino Gurgel, o tratamento diferenciado que precisa ser dado ao Nordeste não faz do BNB uma instituição imprescindível. “Poderia ser um braço do Banco do Brasil, por exemplo, voltado para o Nordeste”, explica.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O Banco do Nordeste tem voltado sua atuação para pequenas e médias empresas por orientação do Governo Federal. O BNDES é quem deveria assumir os grandes projetos na região, mas os números mostram queda na participação do banco nacional na Região.
SERVIÇO
Veja a íntegra do balanço patrimonial do 1º semestre do BNB
Saiba mais
Queda no lucro
O Banco do Nordeste teve redução de 18,6% no primeiro semestre deste ano se comparado com o mesmo período de 2011.Caindo de R$ 300 milhões para R$ 245 milhões.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o BNB explica que o impacto negativo se deve à redução do spread bancário e um pequeno acréscimo nas provisões.
”Apesar disso, as previsões são otimistas para o exercício de 2012, já que, em apenas seis meses, o Banco do Nordeste já atingiu 78% do lucro obtido no ano passado”, diz a nota.
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