Apesar de recuos no lucro líquido e nos recursos contratados do FNE, o banco espera melhorar os resultados
O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) apresentou um aumento de 21,1% na quantidade de operações contratadas no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período de 2011, conforme balanço financeiro divulgado hoje pela instituição. Ao todo, o banco contratou R$ 9,8 bilhões em operações de janeiro a junho deste ano, correspondendo a um crescimento de 2,5%.
Apesar dos avanços, as contratações de financiamento com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que totalizaram R$ 3,9 bilhões, somaram montante 13,3% menor do que o valor verificado no primeiro semestre do último ano - R$ 4,5 bilhões.
Pequenos clientes
De acordo com o que foi divulgado no balanço, a queda "ocorreu principalmente por conta do novo direcionamento estratégico do banco no sentido de atender prioritariamente os clientes de mini, micro, pequeno e pequeno-médio portes".
Por sua vez, o lucro líquido da instituição no primeiro semestre deste ano, R$ 246 milhões, foi 18,2% inferior ao apresentado em igual período do último ano, quando foram registrados R$ 300 milhões.
Estado menos contemplado
Os reflexos da menor contratação de recursos do FNE foram sentidos principalmente pelo Ceará, que, no primeiro semestre, caiu da segunda para a quinta posição, entre os Estados do Nordeste, em relação aos financiamentos do fundo.
Segundo o presidente interino do banco, Paulo Ferraro, a menor participação do Ceará na contratação de recursos do FNE deveu-se ao afastamento de funcionários cuja participação em operações de financiamento irregulares está sendo investigada.
Por conta dos afastamentos, explica Ferraro, muitos projetos cearenses não puderam ser contratados no primeiro semestre. "Até porque nós não podíamos direcionar esses projetos para (serem avaliados em) outros Estados", salienta.
O presidente ressalta, todavia, que os funcionários afastados já foram substituídos e que o banco espera contratar os projetos acumulados até o fim do ano. A perda de posições do Ceará no ranking das unidades federativas mais contempladas com recursos do FNE, frisa, deverá ser revertida ainda neste ano, o que fará com que o Estado volte "à segunda ou terceira posição".
Quanto à redução apresentada no montante contratado com recursos do FNE, em toda a Região, o presidente afirma que o fato se deveu também à não contratação de projetos de clientes de grande porte cujas propostas ainda estão sendo analisadas.
A respeito do lucro líquido da instituição, o presidente destacou que, mesmo com a redução em comparação com igual período de 2011, a expectativa é que o BNB registre um lucro maior, ao fim deste ano, do que o verificado em 2011. Ele ressalta que, nos seis primeiros meses deste ano, o lucro já corresponde a 78% do apresentado em todo o último ano - R$ 314 milhões.
A instituição também pretende repetir ou superar, até o fim deste ano, os R$ 11 bilhões aplicados com recursos do FNE em 2011. No último ano, o BNB aplicou R$ 21 bilhões. A previsão é que, em 2012, seja aplicado um montante de R$ 23 bilhões.
Continua como diretor
Ferraro, que assumiu a presidência do BNB, de forma interina, em junho, deverá permanecer no cargo até o dia 30 deste mês. Em seguida, assume o catarinense Ary Joel Lanzarin. Hoje, acumulando as funções de presidente e de diretor de Negócios da instituição, Ferraro deverá ser mantido na diretoria após o novo gestor ser empossado.
Empréstimos do BNDES têm queda de 3,8%
São Paulo. A estagnação da economia no primeiro semestre atingiu o desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que liberou 3,8% menos recursos do que nos seis primeiros meses de 2011.
A liberação dos recursos para financiamentos reflete o ritmo de andamento dos projetos já aprovados pelo banco.
De janeiro a junho, o BNDES liberou R$ 53,5 bilhões em empréstimos, ante R$ 55,596 bilhões no primeiro semestre de 2011 Os dados constam do Relatório Gerencial Trimestral, enviado pelo BNDES ao Congresso Nacional. Até maio, o ritmo de desembolsos vinha se mantendo no mesmo nível do ano passado, mas o resultado de junho prejudicou o semestre. O relatório não informa valores exatos. Mas, subtraindo-se do total fechado do semestre o que foi liberado de janeiro a maio, conclui-se que o BNDES liberou R$ 9,690 bilhões em junho. O valor é 0,31% superior ao de maio, mas 20,9% menor que o de junho de 2011.
O primeiro semestre de 2011 já havia registrado queda de 6,3% no valor liberado em financiamentos em relação aos seis primeiros meses de 2010.
O momento era de preocupação com a inflação: o governo tentava esfriar uma economia que tinha crescido 7,5% em 2010, na esteira da reação à crise internacional. Em 2010, o BNDES acabara de ser turbinado pelos aportes do Tesouro e desembolsou o valor recorde de R$ 168,4 bilhões, 23,5% acima do de 2009. Agora, com a piora da crise internacional a partir de meados do ano passado, a estagnação no início de 2012 foi mais forte do que o esperado por todos, governo e analistas.
Indústria
À frente deste movimento, está a indústria, que tem amargado quedas na produção desde o início do ano. Não por acaso, a indústria recebeu do BNDES empréstimos em valor (R$ 15,2 bilhões) 18,9% menor do que no primeiro semestre de 2011, segundo o relatório do banco enviado ao Congresso. O resultado geral do primeiro semestre só não foi pior porque o setor de comércio e serviços recebeu R$ 13,8 bilhões, 33,5% a mais do que nos seis primeiros meses de 2011. Na classificação do BNDES, o setor de infraestrutura desembolsou 6,9% a menos no primeiro semestre ante igual período de 2011: R$ 20,1 bilhões.
JOÃO MOURA
REPÓRTER
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21/08/2012
