Que o Banco do Nordeste (BNB) volte a ser o que era antes. Esse é o desejo do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Roberto Macêdo. Segundo ele, o BNB deixou de atender aos pleitos da Região. “O Banco vem sendo comandado por Brasília, só vale o que vem de lá. O que é dito aqui não influencia nada”, declarou.
Para Macêdo, a gestão do catarinense Ary Joel Lanzarin, nomeado presidente do BNB na última quarta-feira, apenas seguirá as orientações do Governo Federal. Macêdo diz esperar que a região seja pensada com suas peculiaridades. “Ele fará assim se o governo orientar nessa direção, não importa o espírito dele”. O empresário considera que a distância que o BNB tem mantido dos pleitos está ligada à interferência cada vez mais forte de Brasília na gestão da instituição, um enfraquecimento do Banco.
O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) vê que, além do Banco, as classes políticas e empresariais do Ceará também estão enfraquecidas diante do Governo Federal, já que nomes cearenses foram substituídos por alguém de fora da Região.
“É um desprestígio das lideranças políticas e do setor produtivo”. A medida, interpreta o deputado, foi a maneira encontrada pela Presidência para dar fim às irregularidades que vieram à tona de dentro do Banco. “É uma varredura”, ratifica do deputado.
Trânsito político
O POVO ouviu dois especialistas do mercado ligados ao BNB sobre o perfil mais adequado para liderar a instituição. Ambos apontaram duas características. Para eles, um banco de desenvolvimento regional cobra conhecimentos e vivências específicas, que não são possíveis de obter nas nas teorias econômicas.
Ressaltam que o BNB envolve o desenvolvimento do Nordeste, assunto que consideram uma experiência muito própria, além de ser pouco conhecida e estudada fora da Região.
O segundo aspecto apontado é a necessidade de se ter um trânsito político facilitado, o que não significa ter ligação partidária. “Exatamente pelo fato de o banco ser uma figura um tanto quanto exógena, estrutura setorializada, vai ter que ter um peso político importante, trânsito, densidade política”, comentou um dos economistas - os dois pediram para não ser identificados.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
Com posse prevista para o dia 30, o catarinense Ary Joel Lanzarin foi nomeado presidente do BNB na última quarta-feira, 15. Ele fez carreira no Banco do Brasil e não tem vínculos políticos com o Nordeste.
Saiba mais
Denúncias
O presidente interino do BNB, Paulo Sérgio Ferraro, afirmou que não existem processos administrativos contra diretores da instituição. “Nem os afastados, nem os que permanecem “, explicou.
Segundo Ferraro, as auditorias internas não apontaram envolvimento dos diretores em nenhuma irregularidade.
Ele também disse que os processos de execuções das dívidas continuam em andamento. “Alguns começaram antes das denúncias por causa da inadimplência”. Ele não precisou quanto já foi recuperado.
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