Qual o papel do Banco do Nordeste na região? Existe quase um consenso entre empresários e professores de que a instituição deve ser o grande agente financeiro do desenvolvimento. O professor titular da Universidade Federal do Ceará, Marcos Costa Holanda, sintetiza esse pensamento afirmando que o BNB deve ser o BNDES do Nordeste, não podendo ser aceito um papel menor para a instituição.
Com a nomeação do catarinense Ary Joel de Abreu Lanzarin (ex-Diretor de Micro Empresas do Banco do Brasil) para a presidência do Banco do Nordeste ficou fortalecida a tese de que a atuação do BNB será focada no microcrédito e na pequena empresa. A presidente Dilma Rousseff, em outros momentos, já tinha deixado claro esse posicionamento, afirmando que o BNB não precisa emprestar recursos para grandes empresas.
Para o professor Marcos Holanda, isso seria o desmonte final da política de desenvolvimento regional do Brasil. “Nos últimos anos a coisa só tem piorado. A decisão política de fortalecer o Nordeste é cada vez mais fraca. Basta lembrar a encenação que foi a recriação da Sudene em Fortaleza, com a presença do presidente Lula e até mesmo do economista Celso Furtado. Os repasses de recursos para a região continuam em segundo plano. Prova disso é o anúncio de investimentos em logística, pela privatização de estradas e ferrovias federais, onde a região ficou praticamente de fora”, afirma.
Na visão de Holanda, o grande risco dessa política é de que o Banco do Nordeste seja transformado no Banco do Brasil do Nordeste (BBN). Ou seja, um banco comercial focado no pequeno negócio, reduzindo o papel da instituição. Como provoca Marcos Holanda: “BNB ou BBN”?
INFRAESTRUTURA
BANCO DE DESENVOLVIMENTO
No modelo de banco de desenvolvimento clássico, como lembra Holanda, são disponibilizados recursos para financiar infraestrutura física e humana regional, além de corpo funcional com excelência técnica e blindagem contra interferências políticas. Um banco de desenvolvimento clássico, para ele, “é um verdadeiro agente operacional de uma estratégia regional para o país”.
O problema é que fica, no final das contas, a sensação de esvaziamento do BNB.
|