Dilma Rousseff enviou recado político para o Nordeste com a indicação do catarinense Ary Joel Abreu Lanzarin. A presença externa na região é quase inédita. Dos 16 presidentes que passaram pelo Banco do Nordeste (BNB) em sua história, só o interino Maurício Vasconcelos não era da região. Ligado a Jáder Barbalho, ele ficou no cargo no breve intervalo entre a saída de Mauro Benevides e a entrada de José Pereira e Silva. Roberto Smith era paulista, mas radicado no Ceará e com vínculos políticos no Estado havia longa data.
Dos outros presidentes, sete eram cearenses, três baianos, dois pernambucanos, um piauiense e um sergipano. E, nos últimos 20 anos, todos foram indicados pelo Ceará. O ciclo vinha desde a gestão Itamar Franco, com a chegada de João Melo. A rigor, o fundamental não é onde a pessoa nasceu, mas a sensibilidade para os problemas na região. Nesse sentido, é duvidoso seu conhecimento sobre as complexas peculiaridades nordestinas.
A intenção de Dilma parece bastante clara. Lanzarin é técnico dos quadros do Banco do Brasil. E saiu da área de micro e pequenas empresas do BB - justo o foco desejado pela presidente para o BNB. Sua escolha teria sido opção pessoal do ministro Guido Mantega.
A presidente pretende evitar qualquer contaminação dos entreveros políticos dos caciques nordestinos, bem como ficar distante dos conflitos entre os estados. O problema é que o coitado será lançado no meio de uma diretoria que, em boa parte, mantém vínculos partidários. E por vezes mergulhada na fervilhante rede de intrigas interna.