A nomeação do catarinense Ary Joel Lanzarin para presidir o BNB pegou de surpresa os integrantes da bancada cearense no Congresso Nacional, que não escondem a preocupação com o fato de Ary Abreu desconhecer a realidade nordestina e de até o momento, ter dirigido o setor de micros e pequenas empresas do Banco do Brasil.
A maioria dos parlamentares cearenses apostava na indicação do ex-ministro dos Portos Pedro Britto para o cargo. "Foi uma surpresa para todos nós. Ele (Ary Abreu Lanzarin) tem um currículo brilhante e fez carreira no Banco do Brasil, no entanto, o Nordeste tem suas próprias características e precisa de uma atenção especial. Basta lembrar, que o NE tem 29% da população brasileira mas responde com apenas 14% do Produto Interno Bruto do País", afirmou o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).
"Eu não sabia da indicação. Fui totalmente surpreendido pela notícia e não conheço o novo presidente do BNB. Eu esperava a indicação de Pedro Britto. A surpresa maior foi saber que ele é do Sul do País, mas não tenho condições de falar sobre o Dr. Ary porque não o conheço e não quero fazer juízo de valor", disse o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE).
Preocupação com o fomento
De acordo com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) "não preocupa onde ele nasceu, se no Rio Grande do Sul ou no Maranhão, ou o fato dele só ter experiência no Banco do Brasil. O que importa é que ele faça com que o BNB invista no que é realmente importante, seja útil no fomento, principalmente no Ceará. Atualmente somente 12% dos recursos aplicados pelo BNB se destinam ao Ceará. Aumentar este investimento é a minha real preocupação. Se ele investir no fomento do meu Estado terá o meu aplauso, se não o fizer, terá a minha cobrança como senador da República", dispara.
Grandes projetos
Danilo Forte já afirmou que vai esperar apenas o novo presidente do Banco do Nordeste tomar "pé da situação", para sugerir que a bancada cearense peça uma audiência e apresente suas principais reivindicações.
"Micro e pequenas empresas são importantes, mas é preciso que o BNB invista em projetos de industrialização, que tragam a geração de empregos agregados", disse Forte, que lembrou que no ano passado o crescimento econômico do Nordeste foi de 7%, enquanto todo o restante do País cresceu a uma média de apenas 2,5%.
Já o deputado Anibal Gomes afirmou que já esperava uma indicação totalmente desvinculada da bancada nordestina. "O ministro Mantega já havia avisado que faria diferente desta vez, colocando alguém diretamente da confiança dele. Vamos ver o resultado", avaliou.
Desprestígio
"Como nordestino e integrante da frente parlamentar da região, vejo essa nomeação como um grande desprestígio com a bancada nordestina e com os segmentos produtivos lo cais", desabafou o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE). Conforme disse, a princípio subtende-se que o novo presidente do BNB não conheça as peculiaridades da região. "A não ser que a indicação de alguém de fora tenha ocorrido para fazer uma varredura sobre as denúncias de irregularidades ou para facilitar a divisão de capital operacional do BNB com os demais bancos públicos", declarou. "Não temos garantias que a escolha tenha sido técnica. Além do que o BNB perpassa essa visão economicista. Há uma pluralidade de ações que pede o conhecimento regional. Esperamos que ele conheça o semiárido e o potencial dos nosso perímetros irrigados", acrescentou.
Funcionários cobram perfil
Para a presidente da Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB), Rita Josina, mais que sua origem, o que interessa aos funcionários da instituição é que o novo gestor atenda aos critérios e ao perfil defendidos por eles. "Nosso foco é a reputação, o conhecimento das possibilidades de atuação do BNB e das demandas da região, assim como um bom trânsito político e relacionamento com os funcionários. Em nenhum momento foi dito que necessariamente teria que ser alguém do Nordeste. O que vamos cobrar é o foco no desenvolvimento regional", afirmou.
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