O Banco do Nordeste (BNB) foi criado há 60 anos por uma decisão do presidente Getúlio Vargas. Em uma iniciativa conjunta, embora em atos separados, foi criado também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ambos receberam a missão de promover o desenvolvimento financiando indústria, comércio, serviços e infraestrutura.
Inicialmente, o funding do BNB era o Fundo das Secas, sujeito a limitações orçamentárias do Governo Federal. Até que a Constituição de 1988 estabeleceu o FNE e adquiriu uma fonte estável. Hoje, os próprios recursos do FNE tornaram-se escassos, diante do ganho de escala do BNB.
Lembro que o diagnóstico que precedeu a criação do BNB foi muito contundente e realista. O Nordeste concentrava 1/3 da população e 2/3 da pobreza no País. Isso originou uma reflexão sobre como superar o grande problema dos baixos indicadores sociais da Região. Liderado por Celso Furtado, um grupo de trabalho elaborou diretrizes que contemplavam investimentos em infraestrutura, educação, geração de bases industriais e de serviços para sustentar o desenvolvimento urbano e potencializar o setor agropecuário.
Nos últimos 60 anos, houve impulso importante à industrialização por meio de políticas como a de incentivos fiscais da Sudene, que permitiu o surgimento de polos industriais nos setores de vestuário, têxtil e processamento de alimentos.
No período recente, o Nordeste desenvolveu bases de indústrias capital-intensivas, de insumos importantes para a configuração de uma estrutura industrial de grande escala. O Polo Petroquímico de Camaçari (BA) e os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) viabilizaram projetos de siderurgia, petroquímica, setor automotivo, indústria naval e off shore.
Há também grandes projetos em marcha, como a Transnordestina, que representará melhoria na composição logística, e a transposição de águas do São Francisco, permitindo a perenização de bacias hídricas no semiárido. Cito ainda avanços na construção civil e no sistema rodoviário e portuário, igualmente importantes.
O BNB foi mola propulsora fundamental em todas essas iniciativas. Além disso, cumpre papel exemplar na inclusão produtiva através do microcrédito, que o singulariza no Brasil como a melhor instituição a operar com microcrédito urbano e a agricultura familiar. Também tem papel importante na promoção da inovação.
BNDES e BNB têm sido parceiros na transformação do Nordeste. Juntos, injetaram R$ 40 bilhões em 2011. Temos o desafio de fazer com o que o crescimento regional permaneça acima do índice nacional, colaborando com a construção de um Brasil menos desigual e com a possibilidade de melhoria da qualidade de vida de todos.
Luciano Coutinho
imprensa@bndes.gov.br
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
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