Mesmo diante de escândalos e turbulências ao longo dos últimos meses, o Banco do Nordeste realizou R$ 1,5 bilhão em empréstimos ao Ceará no primeiro semestre de 2012. O total, contudo, ainda fica cerca de R$ 100 milhões abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, mas, ainda assim, o Estado foi o mais beneficiado com os financiamentos do banco, garante o superintendente da instituição financeira no Ceará, Rivônio de Morais. Entre os destaques, está a indústria metal-mecânica.
Presente, ontem, ao XVIII Fórum do Banco do Nordeste de Desenvolvimento, que marca os 60 anos da instituição, Rivônio disse que foram fechados R$ 100 milhões para grandes e médios projetos de beneficiamento do aço, segmento que deve ser incrementado no Ceará nos próximos anos com a construção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e com a concretização de projetos de usinas laminadoras, que farão a fase posterior à CSP.
De acordo com o superintendente, destes recursos, 70% (cerca de R$ 70 milhões) serão voltados para a expansão de uma indústria metal-mecânica já existente em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O restante é com outros projetos novos, incluindo um a ser localizado no município de Sobral. A maior parte do R$ 1,5 bilhão financiado foi destinada ao microcrédito, com a soma dos volumes emprestados através dos programas Agroamigo e Crediamigo. Para as micros e pequenas empresas, foram destinados R$ 130 milhões, valor este excluindo os destinados aos empreendedores individuais. Já para as médias e grandes empresas, Rivônio afirma que as metas do BNB foram alcançadas.
Sobre a redução dos repasses em relação a igual período de 2011, ele contou que não ocorreu por influência da crise político-administrativa hoje existente no banco. "A instituição tem trabalhado de forma em que essa crise efetivamente não tem atrapalhado as negociações", diz.
Ao todo, o BNB financiou R$ 9,1 bilhão nos seis primeiros meses deste ano, informou o presidente interino da instituição, Paulo Sérgio Ferraro.
O valor foi dividido entre todos os estados nordestinos (além do norte do Espírito Santo e Mina Gerais) e envolvendo as diversas operações de crédito do banco, com aplicações de curto e longo prazo. O montante fica, todavia, abaixo do contratado no primeiro semestre de 2011, que foi de R$ 9,5 bilhões.
Mais qualidade
"A performance do primeiro semestre é compatível com o mesmo semestre do ano passado, acho até com melhor qualidade, porque a participação dos recursos do banco, do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) principalmente, que ficou em torno de R$ 4 bilhões ao todo, 59% ficou com micros, pequenos e médios empresários e produtores, bem acima dos 50% previsto. Isso representa um crescimento de 40% em relação ao primeiro semestre de 2011 com empresas deste porte", justifica Ferraro.
Já para as empresas de grande porte, houve uma redução de 60%, com um decréscimo de 2,3 bilhões, no primeiro semestre do ano passado, para R$ 889 milhões em 2012. A tendência, aponta, é que o FNE se fortaleça entre os pequenos.
Maior volume
70% dos recursos movimentados pelo banco no último semestre são destinados a uma indústria metal-mecânica já existente em Caucaia, na Região Metropolitana
R$ 2 bilhões do BNDES virão para a região
O Nordeste poderá contar com um acréscimo de cerca de R$ 2 bilhões em recursos do BNDES para financiamento de investimentos na região. Na próxima segunda-feira, a diretoria do banco se reunirá com diretores do BNB para deliberar como será feita a operacionalização destes recursos. Até então, o BNDES entrava com apenas R$ 100 milhões anuais entre os nove estados nordestinos.
"Como nós tínhamos recursos do FNE suficientes para a demanda, no passado, nos priorizávamos os recursos mais baratos do FNE. Hoje, como nós somos competitivos nos dois fundings paralelos, a gente vai poder trazer mais recursos do BNDES pra economia do Nordeste", avalia o presidente interino do BNB, Paulo Sérgio Ferraro.
Segundo ele, o FNE gira, atualmente, em torno de R$ 12 bilhões ao ano. A região conta ainda com R$ 2 bilhões anuais do FDNE (Fundo de Desenvolvimento do Nordeste) e espera ter agora mais estes R$ 2 bilhões do BNDES. Esta definição já vem sendo tratada em outras reuniões, e o presidente acredita que na reunião da próxima segunda-feira possa organizar os mecanismos para que isso seja feito. De acordo com ele, já existem R$ 500 milhões à disposição, já neste mês, do BNDES para o Nordeste.
"A demanda existindo, é possível chegarmos aos R$ 2 bilhões ainda em 2012", afirma. Ferraro explica que estes recursos serão voltados para projetos estruturadores e de grande porte.
Sudene quer tornar FDNE mais ágil
A decisão sobre os desembolsos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) devem ficar mais ágeis depois que a exclusividade das operações dele sair da alçada do BNB, segundo afirmou o titular da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Luiz Gonzaga Paes Landim. De acordo com ele, o projeto aprovado na última quarta-feira, 18, estabelece 120 dias para a apreciação de cartas consultas.
O documento mencionado por Landim é o que antecede o envio do projeto para a análise de financiamento e, segundo contou, atualmente, não tem provisão de quando ser emitido.
"A expectativa é de uma aceleração da análise da liberação do recurso e, com isso, os projetos se multiplicarem", ressaltou.
Para ele, com a substituição do Tesouro Nacional pelos cofres da Sudene para a liberação dos financiamentos, os desembolsos serão mais ágeis.
No entanto, apesar da estimativa do Landim, a apreciação das cartas de consulta constitui apenas um dos trâmites considerados pela instituição para liberar dinheiro às empresas proponentes ao FDNE. "Agora, rotinas comuns continuarão permanecerão. Projetos serão analisados e essa coisa toda", admitiu.
Operar ainda este ano
Landim ainda garantiu que a Sudene será responsável ainda este ano dos recursos do FDNE. A confiança deve-se à aprovação da Medida Provisória 564/12 - responsável pela mudança na operação do FNDE - na Câmara Federal. No entanto, o documento ainda passará pelo Senado para ir à Casa Civil e ao gabinete da Presidência da República.
"Após tudo isso, vamos expedir junto com o Ministério da Integração Nacional uma minuta de resolução do Conselho Monetário Nacional, que é o detalhamento operacional do Fundo (pela Sudene) levado ao extremo", explicou.
Metas para o FDNE
Landim também contou dos planos de destinar 4,5% do FDNE aos estados nordestinos que contabilizaram os menores desembolsos operados pela Sudene desde a sua criação. Entre os destacados por ele encontram-se Maranhão, Piauí, Paraíba, Sergipe e Alagoas.
Sobre o restante dos recursos disponibilizados pelo fundo, o superintendente afirmou que ele terá de ser disputado pelos demais estados da região.
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