Saiu na Imprensa

 

Escrito a quatro mãos, pelo jornalista Arnaldo Santos, mestre em sociologia com pós-doutorado em economia política, em parceria com o especialista em economia do desenvolvimento, Francisco Gois, ex-funcionário do BNB por 30 anos, a publicação relata a atuação da instituição ao longo de seis décadas de existência em diversos cenários, de 1951 até 2011.

 

O livro chega num momento oportuno, na opinião dos autores, tanto em virtude do aniversário do banco, do resgate que faz de todo o trabalho desenvolvido em várias fases da história da Região, da ocasião em que está sendo lançado, bem como para desmitificar a crise que afeta hoje a instituição. "A crise existe e é relevante, mas não dá para desconsiderar a atuação e a expertise da instituição para o desenvolvimento da região", diz Gois.

 

Poder modificador

 

Ele lembra que o papel do banco vai além de prover recursos. Segundo o ex-funcionário do BNB, um dos méritos da instituição é ter disseminado o planejamento empresarial, mudando a face do Nordeste e inserindo a região na competitividade da economia nacional. Sobre a perda da exclusividade nas operações do FDNE, os autores fazem uma avaliação positiva. "Numa perspectiva histórica, houve isso no passado também. Na década de 70, os recursos do fundo da seca, que antes eram 100% do BNB, foram divididos. Na época o banco sofreu muito. Houve uma celeuma muito grande.

 

Essa pulverização era mais crítica naqueles tempos do que na atualidade porque o banco não tinha muitos recursos como hoje, nem possuía a fortaleza institucional. Estávamos no período militar. Era outro contexto completamente diferente. Hoje a participação do FDNE no balanço financeiro do banco é mínimo", argumenta Gois.

 

Compartilhamento

 

Para Santos, não houve perda, mas apenas o compartilhamento das operações do Fundo.

 

O cientista político afirma que a instituição é a única do País com capacidade para liderar o planejamento do Nordeste para os próximos anos. "Uma das coisas que a região ainda se ressente hoje é de um planejamento integrado. Os estados nordestinos, para atrair investimentos, usam atualmente um instrumento conhecido por guerra fiscal", observa.

 

´Barganha´

 

O problema, segundo Arnaldo Santos é que cada estado tem hoje suas próprias leis fiscais para atrair recursos, dando espaço aos investidores para barganharem mais vantagens na própria região. "Um exemplo disso é que o governo do Estado está batalhando para trazer duas montadoras de veículos para o Ceará, mas ainda não concluiu seu trabalho porque elas estão buscando vantagens comparativas em outros estados".

 

O momento, segundo o autor, é oportuno para o BNB liderar um marco estratégico para mudar essa realidade, coordenando um planejamento integrado para o Nordeste. "Reunindo os nove governadores nordestinos e mais dois governos do polígono das secas com os técnicos do banco e técnicos dos governos de Estado, dará para gerar um planejamento estratégico para os próximos 20 a 30 anos ou próximos 50 anos. O BNB é o único instrumento capaz de liderar esse movimento", afirma.

 

Nesse contexto, Gois garante que o livro pode ser uma ferramenta: "As mudanças só ocorrem a partir de ações de lideranças. É isso que vai mudar. O livro é um banco de dados muito importante, organizado sistematicamente e, na medida que leve à reflexão desses líderes, ele pode inspirar essa visão. É um resumo bem fundamentado em experiências, que servirão para basear as tomadas de decisão".