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Saiu na Imprensa

  06/07/2012 

A persistência do problema das secas

 

Os jornais trazem notícias sobre os efeitos das secas no Nordeste, um problema que já dura mais de 150 anos. Porém, hoje, suas mazelas são mais amenas do que antes, quando houve dizimação dos rebanhos, intenso processo migratório para o Sudeste e mortes pela fome. 
 
A questão das secas deu origem à chamada “questão regional”, que decorreu da implantação de um projeto de correção do problema a partir da proposta do senador cearense Tomás Pompeu. Ele defendeu, em 1868, utilizar a mão de obra disponível nas secas para realizar obras públicas para amainar as disparidades econômicas entre Nordeste e Centro-Sul, exacerbadas com a interiorização da metrópole no Rio após a Independência.
 
A chamada “grande seca” de 1877-79 possibilitou que a sua proposta fosse implantada, iniciando uma política de socorros na Região que atrelava o fornecimento de alimentos aos desvalidos à prestação de trabalhos em obras públicas. Entre as obras a serem realizadas, o governo do Império deu preferência a açudes e estradas de ferro, modelo que ganhou adesão das demais províncias. Com isso, assentou-se o progresso material do Ceará e do Nordeste nos séculos XIX e XX na dependência dos recursos destinados à política de combate às secas, relegando à iniciativa particular papel secundário; a seca fora considerada um óbice ao desenvolvimento autônomo da região.
 
Foram criados, para apoiar essa política, órgãos estatais como a Sudene, idealizada por Celso Furtado. Ele acabou por corroborar a tese do senador, afirmando que no Nordeste a escassez de recursos naturais inviabilizava a formação de um mercado consumidor interno e este, por sua vez, a constituição e a diversificação da estrutura produtiva de base industrial.
 
Com isso, a solução para o problema adotada pelo economista paraibano foi a continuação da política implantada pela oligarquia Pompeu-Accioly desde o século XIX, que consistia na dependência dos investimentos provenientes do governo central, consubstanciando um progresso artificial por ser de fora para dentro.
 
A amenização recente dos efeitos sociais deletérios, repetidamente trazidos pelas secas, deve-se à adoção de medidas contrárias às preconizadas pela política da grande açudagem, como a construção de cisternas. A persistência do problema das secas no Nordeste é um atestado do fracasso do modelo empregado, baseado na noção de escassez de recursos naturais como um obstáculo ao progresso da Região, no qual o Estado funcionou como um agente interventor do desenvolvimento. Essa política tem sofrido alguma alteração com o Estado principiando a assumir o papel de agente indutor do progresso, mas apesar disso ainda vemos e sentimos a persistência das secas.
Fonte: O Povo
Link: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/07/06/noticiasjornalopiniao,2873305/a-persistencia-do-problema-das-secas.shtml
Última atualização: 06/07/2012 às 10:33:26
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