A novela em que se transformou a indicação de um nome de perfil técnico à presidência definitiva do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) tende a ganhar novos capítulos. Dos atuais 30 dias, prazo determinado pelo Ministério da Fazenda para a interinidade do atual presidente, o baiano, Paulo Sérgio Ferraro, deve passar para 90 dias.
Fontes ligadas ao banco e à Câmara Federal, em Brasília, informam que o "último capítulo da trama política" está previsto apenas para depois das eleições municipais. "Ela (a presidente Dilma Rousseff) vai esperar a poeira (onda de fraudes e corrupções) baixar, para conversar com os governadores", avalia o parlamentar, pedindo para não ser identificado.
PT x PSB
"O objetivo é fazer diminuir a crise interna, porque nesse clima de tensão, ninguém se sustenta", acrescenta a fonte. O fato é que todos os dias surgem novos indícios e denúncias de fraudes, com envolvimento de novas empresas e funcionários em desvios de recursos e corrupção, que, segundo o Ministério Público pode chegar à casa do bilhão de reais.
Paralelo à crise institucional, argumenta o parlamentar, o acirramento da crise entre os partidos dos Trabalhadores (PT) e Socialista Brasileiro (PSB), notadamente nos Estados do Ceará, Pernambuco e, agora, Belo Horizonte, seria outro fator suficiente para Dilma deixar para após as eleições a decisão do nome do futuro presidente do BNB.
O resultado da correlação de forças ao fim do período eleitoral entre os dois partidos e entre o governador cearense Cid Gomes, e o da Bahia, Jacques Wagner, podem ser o vetor decisivo à indicação do novo presidente da instituição.
Se de um lado, Cid Gomes quer manter à frente do BNB, um cearense; Jacques Wagner luta pela permanência do conterrâneo, Paulo Ferraro. Sem esquecer que parte do PMDB, do deputado Federal alagoano, Renan Calheiros e do vice-presidente da República, Michel Temer, defende o nome do goiano e atual diretor Financeiro e de Mercado de Capitais do BNB, Fernando Passos.
E que o secretário estadual da Fazenda, Mauro Benevides Filho, e o diretor da Antaq e ex-presidente do BEC, Pedro Brito, também compõem o quadro da mesma novela. Consultada, a direção do BNB respondeu que ainda não recebeu informação oficial alguma sobre a expansão da interinidade de Paulo Ferraro, que expira em 15 dias. Para que ele seja reconduzido por mais 60 dias, basta um ato normativo do próprio Conselho Administrativo do BNB, com o aval do Ministério da Fazenda.
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