Pelo menos cinco funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) estão sendo investigados por conta de operações supostamente irregulares envolvendo seis empresas do grupo do empresário José Juacy Cunha Pinto Filho. Conforme o Diário do Nordeste mostrou, com exclusividade, no último dia 23, as empresas firmaram dez operações de crédito com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) junto ao BNB que totalizaram o montante de R$ 21,69 milhões.
De acordo com relatório da Controladoria Geral da União (CGU) sobre o caso, a participação de funcionários envolve três gerentes de agências da Capital, além de um analista e um técnico avaliador da Cenop (Central Operacional).
Segundo o documento, um dos funcionários investigados seria um agente da agência localizada no Centro de Fortaleza. O relatório destaca que o gerente promoveu "liberação de forma autônoma, com sua própria senha, da quantia de R$ 11.570.000,00 para três empresas do grupo".
Documentos adulterados
Além disso, ele teria participado da "adulteração de documentos a fim de forjar a comprovação de realização de gravames de veículos financiados pela mutuária Flexcar Comércio e Locação de Veículos Ltda. (uma das empresas do grupo)", além de recebimento e aceitação de notas fiscais patentemente inidôneas "para fins de comprovação de aquisição de veículos financiados à empresa Flexcar Comércio e Locação de Veículos Ltda.".
Outro funcionário do banco, analista do Cnop, teria sido responsável pela validação de documentos e elaboração de contratos supostamente irregulares apresentados pelo grupo de empresas. Também do Cenop, um técnico avaliador, teria, de acordo com o documento da CGU, promovido "avaliações e laudos de imóveis superavaliados dados em garantia".
Ainda conforme o relatório da Controladoria Geral da União, outro gerente da agência do BNB no Centro participaria das irregularidades, por conta da "existência de sua chancela em operações da carteira de negócios e sua suposta ligação pessoal" ao gerente anteriormente citado, da mesma agência.
O quinto funcionário listado no documento é um gerente da agência localizada na Avenida Bezerra de Menezes, que teria promovido a "liberação de financiamentos da ordem de R$ 17,7 milhões para empresas, cujas garantias dadas estariam supostamente superavaliadas". O gerente também teria sido responsável pela solicitação de transferência de operação de uma das empresas do grupo de Juacy Cunha Pinto Filho - que se encontrava na agência Metro Montese - para a agência da Avenida Bezerra de Menezes. Na última semana, a reportagem ligou para as empresas listadas no relatório, buscando entrar em contato com Juacy Cunha Pinto. Em uma delas, um funcionário informou que ele estaria viajando. A reportagem deixou e-mail e telefones, mas, até o momento, não obteve retorno.
AFBNB quer audiência
A presidente da AFBNB, Rita Josina, protocolou ontem, no Palácio do Planalto, pedido de audiência com a presidente Dilma, para solicitar o afastamento dos envolvidos nas fraudes do BNB e o fim das "ingerências político-partidárias na administração e nos negócios do Banco". No pedido ela anexou abaixoassinado com duas mil assinaturas de funcionários da instituição.
Financiamento
21,69 milhões de reais foi o montante correspondente a operações - supostamente irregulares - de seis empresas com recursos do FNE
Brito já teria sido convidado
Brasília (Sucursal). Fortaleza A presidente Dilma Roussef deve ter liberdade para escolher por critérios técnicos, e não políticos, o nome do novo presidente do Banco do Nordeste. Este é o consenso dentro da bancada cearense no Congresso Nacional. Em reunião realizada ontem, em Brasília, os deputados da bancada debateram a crise na instituição e principalmente a necessidade do seu fortalecimento. No fim da tarde, circulou a informação de que o ex-ministro dos Portos, o cearense Pedro Brito, já havia sido convidado pelo Planalto para ocupar a presidência do Banco, mas ainda não havia dado uma resposta. A informação não pôde ser confirmada até o fechamento da edição.
Disputa partidária
O que não falta na sucessão do BNB são rumores sobre o futuro comando do banco. O que se sabe de fato é que há uma disputa entre PT, PMDB e entre Ceará e Bahia pela presidência da instituição financeira. "A defesa do BNB tem que ser desfocada de questões políticas. A presidente Dilma vai ter liberdade para adotar critérios técnicos, para o fortalecimento do Banco, tendo ainda o balizamento do apoio político", afirmou o deputado Eudes Xavier (PT-CE). No meio da tarde, mais um rumor apontava o convite para o senador petista José Pimentel (CE) assumir a presidência do Banco. A informação foi negada de forma enfática pela assessoria do senador. Outro nome cotado continua sendo o de Paulo Ferraro, presidente interino do BNB, que está sendo cacifado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner.
MP 564
Já a Medida Provisória (MP) 564 que autoriza a União a subscrever e integralizar, até o 31 de dezembro de 2014, ações do BNB, visando a aumentar seu capital social no valor de R$ 4 bilhões e do Banco da Amazônia em R$ 1 bilhão, pode ser votada hoje, no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. O texto completo, foi lido na tarde de ontem, para os integrantes da Comissão Mista, pelo relatório da MP, o deputado Federal cearense, Danilo Forte (PMDB-CE).
Caso seja aprovado na Câmara Federal, o texto segue para o senado, para depois compor um Projeto de Lei de Conversão (PLC), que, dentre outros artigos, autoriza a União a conceder crédito de R$ 100 bilhões, ao BNDES, "em condições financeiras e contratuais a serem definidos pelo Ministro de Estado da Fazenda, Guido Mantega.
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