Com um financiamento de R$ 23 milhões, a fábrica de cerâmicas Cerbras produz hoje sete vezes mais do que há 10 anos. O crescimento da empresa se reflete não só nos ganhos da empresa: os funcionários agora têm participação nos lucros da empresa, direito a plano de saúde e a receber premiação
Ela foi capaz de converter ódio em paixão. Como raros conseguem. Do papel de coadjuvante, saltou para o de protagonista. Ana Lúcia Bastos, 67, é o tipo de profissional que vê oportunidade nas adversidades. Assim é que ela conseguiu superar o ataque cardíaco fulminante do marido, romper a resistência dos desacreditados em relação ao seu trabalho e multiplicar em sete vezes a produtividade da fábrica de cerâmicas que comanda.
Formada em geografia, Ana Lúcia trabalhava na loja de material de construção do marido. Enquanto ele se organizava e montava, aos poucos, três fábricas - uma de fibra de vidro, outra de tinta e uma terceira de cerâmica -, ela tocava duas atividades: a de mãe e de gestora dos empreendimentos do esposo. “Quem construiu tudo, na realidade, foi ele. Eu trabalhava, mas só um expediente. À tarde, pegava filhos no colégio, dava assistência em casa”, rememora.
Crise
O ataque cardíaco fulminante do marido, em novembro de 1994, forçou a vida de Ana Lúcia a assumir outra direção. Apesar do baque, resolveu dar continuidade à fábrica de pisos e revestimentos cerâmicos, a Cerbras, fundada por ele três anos antes.
Foi apenas a partir de 2000, porém, que ela assumiu a empresa. Desde então, vem empenhada em atingir dois objetivos nada modestos: crescer e se desafiar, sem limites. No senso comum - e nas palestras motivacionais - prevalece a ideia de que a crise é a chance de se revelar o verdadeiro líder. Foi esse o caso de Ana Lúcia: “Assumi no pior momento. As pessoas respeitavam muito ele (o marido) quando estava à frente. Comigo, houve problema de gestão, de administração”.
Reviravolta
A fábrica enfrentava um momento difícil quando Ana Lúcia tomou para si a responsabilidade de recuperá-la. Naquele momento, era cogitada entre os gestores, até, a venda da Cerbras.
Após imprimir a nova roupagem administrativa, ela resolveu expandir. Com o intuito de ampliar a produção de cerâmica, buscou em 2003 o Banco do Nordeste (BNB) para fechar um financiamento. Solicitou R$ 7,25 milhões. No ano seguinte, colheu os resultados: a capacidade produtiva mensal saltou de 240 mil metros² de cerâmica para 600 mil metros².
“Com o empenho de uma equipe afinada, nós crescemos. E só motivando os funcionários. A fábrica foi melhorando e os empregados recebiam prêmios. Com eles motivados, a produção aumentou”, explica. O valor do segundo financiamento, solicitado em 2008, cresceu para R$ 9,8 milhões e, com o investimento, subiu também a produtividade da Cerbras, que aumentou para um milhão de m².
Três anos depois, nova solicitação de empréstimo ao BNB: desta vez, R$ 6 milhões. Hoje, a produtividade de 1,7 milhão metros² é resultado de todo o investimento aplicado. “O importante é ver os funcionários crescendo com a fábrica. Desde 2002, eles têm participação nos lucros, plano de saúde da Unimed e ainda são premiados”, orgulha-se a empresária, que hoje trabalha cercada dos três filhos e da cunhada.
NÚMEROS
23 mi
de reais foi o valor total de empréstimos cedidos pelo BNB à Cerbras, que em dez anos aumentou em sete vezes a capacidade produtiva
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