Até agora, o Ministério da Fazenda não se pronunciou, pelo menos à imprensa, sobre a situação do Banco do Nordeste. O ministro Guido Mantega cumpre agenda e só voltará a Brasília na próxima semana
Ministro Guido Mantega cumpre agenda e volta a Brasília na próxima semana
Após duas semanas conturbadas de denúncias, acusações, exonerações e expectativa nas investigações de irregulares no Bando do Nordeste (BNB), o Ministério da Fazenda - órgão ao qual o BNB é subordinado -, ainda não se posicionou sobre a situação da instituição.
Até mesmo a indicação do presidente interino, Paulo Sérgio Ferraro, foi uma decisão do Conselho de Administração do banco. Em entrevista ao O POVO, publicada nesta sexta-feira, 22, Ferraro afirmara que não havia recebido ainda nenhum contato do Governo Federal com orientações da sua nova função.
Por meio de nota, a Fazenda informou que o ministro Guido Mantega cumpre agenda e voltará a Brasília no decorrer da próxima semana. “Somente o BNB está se manifestando até o momento. Após participar da reunião de cúpula do G20 e da Rio + 20, o ministro está em São Paulo. Teremos que aguardar”, diz a nota enviado ao O POVO.
Enquanto o governo central do País não fala sobre o caso, o presidente interino do BNB segue cumprindo compromissos, muitos deles, herdados do ex-presidente, Jurandir Santiago - que renunciou ao cargo dia 21 de junho.
Ferraro recebeu, ontem pela manhã, diretores e o superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Luiz Gonzaga Paes Landi. Na pauta do encontro, a estruturação de parcerias entre as duas instituições.
“Durante a reunião, foi discutido acordo entre BNB e Sudene para alocação de recursos de projetos em pesquisa e inovação tecnológica, uma agenda conjunta para apresentar as ações do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE)”, informou o banco, em nota.
Foram debatidos também incentivos fiscais, definidos os setores a serem priorizados nas ação das duas instituições, além da estruturação de um portal de informações do Nordeste com dados e estudos do banco e da Sudene.
Na sequência dos compromissos, o interino se reuniu com algumas áreas internas do BNB para fazer os acompanhamentos do desempenho operacional para cumprir as metas e os resultados do semestre. Em julho, será lançado o balanço semestral do banco.
Adimplência é alta
A adimplência nas operações de longo prazo do BNB é de aproximadamente 96,8% - relativo a tudo que vence no ano. Tem sido a média dos últimos 60 meses, informou o presidente interino, Paulo Ferraro. Do curto prazo, a adimplência chega a 97,7%.
“O crédito comercial do banco não é crédito comercial de varejo, não é de concorrência com banco varejista. Nosso crédito é complementar aos nossos clientes de longo prazo, ou seja, às necessidades do recurso de curto prazo. É isso que garante garante a rentabilidade e sustentabilidade do banco”, comentou Ferraro.
O presidente interino informou ainda que o BNB saiu de um patamar de empréstimo de R$ 800 milhões de crédito comercial por ano, em 2005, para R$ 8 bilhões, em 2011.
Posse da nova diretoria
Está prevista para a próxima semana a posse da nova diretoria do BNB.
Manoel Lucena dos Santos assume a Diretoria de Controle e Risco. Na Diretoria de Gestão do Desenvolvimento, entra Stélio Gama Lyra Júnior. Nelson Antônio de Souza fica na direção de Administrativo e de Tecnologia da Informação.
A auditoria interna do banco, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público Estadual (MPF) e a Controladoria Geral da União (CGU) apuram indício de operações irregulares, com desvio de mais de R$ 100 milhões. Jurandir Santiago, no entanto, pediu exoneração após seu nome ter sido incluido no escândalo dos banheiros.
ENTENDA A NOTÍCIA
A próxima semana será decisiva para o BNB. A nova diretoria será empossada e dará início ao que deve ser uma nova fase na administração do BNB. O Ministério da Fazenda deve se pronunciar sobre o banco e direcionar qual será o novo caminho a ser seguido.
Foco no fomento da Região Nordeste
Questionado se o Banco do Nordeste seria mais atuante caso fosse um banco nacional de desenvolvimento regional, o presidente interino do BNB, Paulo Sérgio Ferraro, discordou.“Não vejo assim, porque, na realidade, iria ser o mesmo papel. A gente perderia o foco de ser o único agente de fomento regional no Nordeste. Se fosse assim, o BNDES atuaria de uma forma geral. Se vocês forem observar, as nossas aplicações de fomento no Nordeste representam praticamente 90%.
Por isso, que a gente quer crescer a participação do BNDES no Nordeste. Nada melhor do que ser o Banco do Nordeste para cumprir esse papel. Eu não vejo isso como positivo, muito pelo contrário, a gente perde a oportunidade de dar continuidade a um trabalho de 60 anos que é muito bem visto. A maior referência que a gente pode dizer do BNB é o que a iniciativa privada pensa do banco”.
O presidente em exercício confessou ter planos de aposentadoria e não pretende seguir na presidência do Banco.
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