Vital do Rêgo diz que não acredita em retaliação da bancada nordestina na CPI
O governo federal não vai acabar com indicações de partidos políticos para os cargos importantes do BNB (Banco do Nordeste), mas vai aumentar o nível de exigências técnicas. Essa é a opinião do senador da bancada nordestina Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Presidente da CPI do Cachoeira no Congresso Nacional, ele falou ao R7 e disse que, apesar de alguns descontentes, o governo federal tem conduzido bem a crise no banco e que não acredita em retaliação da base aliada.
— A crise fez com que o governo precisasse tratar o banco com uma intervenção, mas eu vejo que será tudo feito como em outros órgãos do governo federal. Partidos vão continuar indicando as pessoas, porque é assim que funciona. A própria presidente foi indicada por um partido. Mas não vejo problema em aliar a indicação política com um caráter técnico do indicado.
O senador do PMDB acredita que a crise vivida pelo BNB vai ajudar o banco a se profissionalizar mais e voltar a se dedicar às funções para que foi criado. Vital diz que tem reparado que a questão do desenvolvimento da região, do fomento às iniciativas de desenvolvimento, têm sido deixadas de lado.
Nos últimos dias, a queda de toda a cúpula do BNB, sob suspeita de corrupção irritou parlamentares da base aliada, especialmente PT e PMDB. Depois de denúncias de desvio de verba no banco, a presidente Dilma Rousseff trocou os diretores da instituição, tirando os "apadrinhados políticos" e comenta-se que vem aí uma limpeza ainda mais profunda na cúpula.
Vital diz que essa intervenção da presidente é normal.
— É hora de sentar, baixar a poeira, apoiar a investigação interna do banco sobre qualquer tipo de acompanhamento que possa estar sendo feito. É preciso sanar os problemas do banco, para só depois se pensar em substituir quem saiu.
Crise
A crise no Banco do Nordeste aumentou depois da última quarta-feira (20), quando o presidente da instituição, Jurandir Vieira Santiago, não suportou a pressão e renunciou. Ele é investigado pelo MPCE (Ministério Público do Ceará) por suposto envolvido num suposto esquema para desvio de verbas para construção de 2.108 kits de banheiros populares em Ipu, cidade do sertão cearense a 324 km de Fortaleza.
O nome dele foi incluído nas investigações depois que o TJ/CE (Tribunal de Justiça do Ceará) solicitou ao MP que fosse apurada a participação de Santiago no suposto esquema fraudulento que liberou R$ 3,1 milhões em verbas, quando ocupava o cargo de secretário adjunto da Secretaria das Cidades do Ceará. Segundo investigações, ele teria renovado o convênio, mesmo após auditoria interna apontar que as obras não estavam em andamento.
Além disso, o BNB detectou fraudes em operações de crédito no valor de R$ 115 milhões, que culminou no afastamento o chefe de gabinete da presidência, Robério Gress do Vale, acusado de beneficiar empresa de cunhados com financiamentos irregulares.
Por conta da descobertas das fraudes, o BNB é alvo de auditoria da CGU (Controladoria Geral de União) e está com sindicâncias internas abertas para investigar o caso.
Outros dois diretores também foram afastados pelo conselho administrativo e por decisão ligada ao Ministério da Fazenda: Isidro Moraes de Siqueira (de Controle e Risco) e José Sydrião de Alencar Júnior (de Gestão do Desenvolvimento). Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, atual diretor de Negócios, foi nomeado para ocupar interinamente a presidência do banco.
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