As MPs 564 e 565, que elevam o capital do banco e renegociam dívidas dos produtores, estão para ser votadas
A crise envolvendo a direção do Banco do Nordeste (BNB) não deverá afetar as votações das Medidas Provisórias 564 (sobre a capitalização do banco) e 565 (renegociação da dívida dos produtores rurais). Quem afirma é o vice-líder do Governo na Câmara Federal, José Guimarães (PT-CE). O deputado diz que as MPs deverão ser votadas até 15 de julho. “A bancada nordestina está mobilizada e tem pressa para que isso ocorra”, diz.
Guimarães afirma que a bancada fez acordo com o Ministério da Fazenda e com a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) em torno de três questões centrais para o Nordeste e para o BNB com vistas a fortalecer a instituição.
Três vertentes
São três as vertentes de políticas públicas. A primeira, a capitalização do banco. Segundo o líder do Governo, foi acordado o valor de R$ 4 bilhões com o Ministério da Fazenda, que está contido na MP 564. A segunda, a renegociação das dívidas rurais com o BNB e o Banco do Brasil (BB). A dívida chega a R$ 2,6 bilhões e atinge 249 mil produtores rurais endividados. Desse total, 80% estão em débito com o BNB e 20% com o BB. A terceira, a preferência do BNB para operar o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
“Nós também negociamos que este fundo seja financeiro e operado preferencialmente pelo banco, podendo este fazer parcerias com outras instituições públicas federais. O risco nas operações, no entanto, seria dividido entre os bancos”. Guimarães diz que essas medidas foram acordadas e deverão ser votadas e que crises pontuais não podem esvaziar ou enfraquecer o BNB.
Bom nome
O senador Wellington Dias (PT-PI) diz que vem acompanhando os desdobramentos do caso BNB. Para ele, um bom nome para substituir Jurandir Santiago na presidência do banco é o de Luiz Carlos Everton de Farias, da diretoria de Administração de Recursos de Terceiros. “Foi o nome indicado à época pela bancada piauiense para assumir o cargo deixado por Roberto Smith. Defendo um nome técnico e Luiz Carlos tem esse perfil. Não é filiado a partido e está há 30 anos no BNB, onde entrou por concurso”, afirma. Farias é ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e ocupou a Diretoria de Controle e Risco do banco.
O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) diz que, agora, o mínimo que se pode solicitar é que o novo presidente do BNB tenha ética, que conheça as regras e o mercado financeiro, e não seja uma indicação política por amizade. “Há mais de um ano os diretores tomaram conhecimento das irregularidades e não tomaram a decisão (de pedir a saída dos responsáveis) porque era um amigo, quando o ideal teria sido afastá-lo”.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Às vésperas da presidente Dilma anunciar o nome do novo presidente do Banco do Nordeste, bancada cearense em Brasília tentará manter votação das duas medidas provisórias que garantirão o futuro do banco
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