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Saiu na Imprensa

  22/06/2012 

Ferraro: modelo de segregação será mantido na fiscalização de operações

 

Paulo Ferraro ficará à frente do Banco do Nordeste durante 30 dias e concentrará foco no microcrédito
 
Soteropolitano, como todo baiano nascido em Salvador gosta de enfatizar, o administrador de empresas, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, assumiu ontem, interinamente por 30 dias, a presidência do Banco do Nordeste (BNB). Polido e com a retórica de quem conhece a linguagem e a engrenagem política da instituição, Ferraro assume prometendo dar continuidade ao atual modelo administrativo da instituição e seguir a orientação do Planalto, de concentrar o foco dos investimentos no microcrédito e nos financiamentos de projetos de micros, pequenas e médias empresas.
 
Funcionário de carreira desde 1977, diretor de negócios do BNB, Ferraro acumula agora as duas funções, em meio à chuva de denúncias e investigações de fraudes e desvios de verbas, que já lesaram o banco em pelo menos R$ 67 milhões. Em sua primeira entrevista como presidente interino do BNB, ele evitou falar dos escândalos financeiros, mas disse que nada muda no processo de apuração de fraudes dentro da instituição.
 
Para minimizar riscos
 
Questionado sobre o que pretende fazer para minimizar ou eliminar os riscos de fraudes no banco, Ferraro respondeu que "o atual modelo de gestão corporativa de governança do banco vai manter a segregação (divisão) das atribuições de cada diretoria, dos seus colegiados nas várias instâncias". Para ele, esse sistema deixa muito claro o papel e a responsabilidade de cada um no processo de realização de negócios e operações do banco.
 
"Quem concede o crédito não fiscaliza, quem fiscaliza não desembolsa. Cada um deve fazer o seu trabalho, dentro da sua atribuição e missão, e certamente isso será acompanhado, como sempre foi, e fiscalizado pelos órgãos internos que fazem a auditoria do banco, em situações em que possa ser colocado em risco a governança do banco", explicou o executivo, apesar de reconhecer as fragilidades do atual modelo de gestão.
 
Sistema que "permitiu" fraudes em pelo menos 24 operações de crédito, envolvendo uma dezena de empresas e o desvio de cerca de R$ 100 milhões; o que resultou no afastamento de 14 funcionários e na demissão de três colaboradores, além da exoneração do chefe de gabinete, e que trouxe à tona a forte interferência política na instituição. Ferraro não revelou os valores financeiros totais dos supostos desvios e sob investigação, nem o número de denúncias e de pessoas investigadas.
 
Segundo ele, não existe comprometimento de outros funcionários, além dos que já foram detectados pelos órgãos de auditoria interna e externa do banco e que já foram dispensados de suas funções e demitidos.
 
Competência
 
"Como presidente, não me cabe a análise dos prejuízos financeiros, mas cuidar da imagem de competência da instituição", declarou Ferraro. "Mas vamos permanecer atentos à preservação do banco, uma empresa onde as pessoas não podem ser superiores à imagem da instituição", avisou o executivo.
 
Orientação ministerial
 
De acordo com Ferraro, o único pedido feito pelo Ministério da Fazenda foi para que a diretoria desse continuidade a realização dos negócios do banco, cuidasse da imagem da instituição e buscasse elevar a autoestima do corpo de funcionários. "Por isso é que acumulamos as duas pastas - a diretoria de negócios e a presidência. "Como diretor de negócios, sabemos da responsabilidade que cabe a toda a rede de agências, para que se possa, ao fim do semestre, termos resultados positivos", explicou.
 
Desafios que ele terá que cumprir nos próximos 30 dias, período em que foi indicado pelo Conselho de Administração do BNB e aceito pelo Ministério da Fazenda, para assumir interina e estatutariamente a presidência.
 
"Nossa intenção no banco é dar continuidade ao trabalho realizado pelo Jurandir (Santiago), focado no papel do BNB de contribuir com o desenvolvimento econômico e social do Nordeste brasileiro, do Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo", frisou. Outra orientação repassada pelo ministério, apontou, é para o cumprimento das Medidas Provisórios recentemente baixadas pela presidente Dilma Rousseff, no que diz respeito à adoção de medidas que busquem minimizar os efeitos da seca que castiga a região Nordeste.
 
Convivência com a seca
 
"Temos que focar agora, e isso eu passo para todo o corpo funcional do banco, nas ações que minimizem o sofrimento das famílias atingidas pela seca no semiárido nordestino", declarou Paulo Ferraro.
 
Missão
 
"A nós nos foi dada a missão de cumprir as regulamentações das medidas provisórias do governo Federal, levando acesso ao crédito a essas pessoas, para a convivência, não para o combate a seca, mas para a convivência com ela, por meio de investimentos em infraestrutura, em várias vertentes e concessão de capital de giro e custeio, para elevar a capacidade financeira dessas pessoas e promover o desenvolvimento da região", revelou.
 
Para tanto, ele disse que o banco conta com recursos do FNE, para o atendimento de micros e pequenos produtores rurais, por meio do Pronaf, do Crediamigo e Agroamigo e de ações de apoio ao empreendedorismo regional. "O importante é que o banco tenha a capacidade de tornar o crédito multiplicador das estruturas necessárias para acompanhar o desenvolvimento da região", defendeu .
 
Ele lembrou ainda, do programa de Desenvolvimento Produtivo (Prodepro), em negociação com o BID. Estimado em R$ 1,2 bilhão, o Prodepro não ataca diretamente a seca, mas pode gerar medidas, dinamizar novos fatores de desenvolvimento para mitigar futuras estiagens. Segundo ele, na próxima semana, representantes do BID e dos governos estaduais do Nordeste estarão reunidos para definir os projetos prioritários nas áreas de educação saúde, infraestrutura para projetos incompletos e para geração de emprego e renda.
 
Disputas
 
Um dos fatores que estimulam a rede de intrigas e as interferências políticas na instituição diz respeito à alteração no modelo de aplicação dos recursos do banco, que deixaram de priorizar os grandes investimentos, para focar nas micro, pequenas e médias empresas. "O que houve foi a migração de 35% para 20% dos recursos do FNE para as grandes empresas", minimizou Ferraro, para quem não há motivos para que haja algum tipo de adversidade, porque, segundo ele, "o banco foi criado para corrigir as desigualdades na região".
 
Conforme explicou, o foco preferencialmente do BNB é o de atender às pequenas empresas, pulverizar os recursos. No entanto, ressalta, médios e grandes projetos, que forem estruturadores e alavancadores de novos negócios e que sejam considerados fundamentais na distribuição do desenvolvimento regional, principalmente dos municípios com baixa ou estagnada economia, como é definido pelo IDH, também serão contemplados com os recursos do banco.
 
Resultados esperados
 
Nessa linha, acrescenta Ferraro, é que o banco deve fechar o semestre com aplicações da ordem de R$ 9 bilhões, sendo R$ 4 bilhões do FNE, e o restante, resultado dos retornos e lucros gerados pelos investimentos realizados pelo BNB.
 
De acordo com ele, até o fim de 2012, a projeção é de cerca de R$ 24 bilhões aplicados na região, em vários setores da economia. Desse montante, o executivo conta com repasse de mais R$ 1,5 bilhão do BNDES, para atender a projetos, já em carteira, da ordem de R$ 1,2 bilhão. Os recursos devem ser distribuídos em 35% para crédito rural, 30% para o setor industrial, 20% para comércio e serviços e os 15% restantes, em infraestrutura como base complementar aos projetos de fomento. Este ano, R$ 500 milhões já foram liberados pelo BNDES para o BNB, mas para cobrir investimentos nas arenas esportivas da Bahia, sua terra natal, e de Pernambuco.
 
Política
 
Diante de informações de que as diretorias do banco vêm sendo loteadas por indicações político-partidárias, Ferraro respondeu que "não escondo minha proximidade com o governador da Bahia (Jaques Wagner)", mas ressaltou que é funcionário de carreira do BNB desde os 15 anos de idade, e que dos 35 anos de vida profissional, passou 14 anos no Norte de Minas Gerais, dois anos no Maranhão e cinco anos na superintendência da Bahia, Minas e Espírito Santo. Ele reconheceu que as diretorias são indicadas politicamente, mas disse que em nível da gestão, abaixo da diretoria, a indicação é por "meritocracia", e que "todas as vagas de superintendente, até as vagas de gerentes das agências são por concorrência e mérito profissional", o que para ele, demonstra a decisão da administração do banco de eliminar a possibilidade de qualquer interferência política nos cargos do Banco do Nordeste.
 
CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER 
Fonte: Diário do Nordeste
Última atualização: 22/06/2012 às 09:16:46
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