O ex-presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, afirmou, ontem, já saber das denúncias que estão sendo investigadas sobre irregularidades em operações do banco. Segundo ele, é corriqueira a atuação da auditoria da instituição.
“Essas não são denúncias novas. Isso já vinha sendo encaminhado. São antigas. Não tenho mais acesso a essas informações do banco. Na verdade, a gente já sabia que existiam alguns desvirtuamentos de crédito, isso é coisa que sempre ocorre, então a gente está sempre com auditorias”, disse o atual presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). Smith participou ontem da apresentação do Pacto pelo Pecém ao setor produtivo local.Questionado se havia mais alguma investigação que estava sendo tocada pelo banco, o ex-presidente do BNB afirmou não ter mais competência para responder a isso. “Não vou dizer que é um processo natural. É crime. Qualquer denúncia é investigada, o que faz parte do dia a dia”.
Smith credita a onda de denúncias que surgiram recentemente em relação a operações ilícitas no BNB a interesses políticos. “O que está ocorrendo é que há alguns vazamentos para a imprensa de investigações que estão sendo conduzidas. Às vezes, elas tem explicações, não se caracterizam como crime, desvirtuamentos”.
Na avaliação do economista, está ocorrendo um esforço para dar visibilidade às questões políticas que não são novidade, mas preferiu não desenvolver a ideia dos interesses envolvidos. “Você pode responder melhor que eu. O que eu penso eu guardo para mim".
O Banco do Nordeste pode ser extinto?
Irregularidades encontradas em projetos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) motivaram sua extinção em maio de 2001. Depois, a entidade foi recriada. O Banco do Nordeste (BNB) passa pela sua segunda grande crise - a primeira fora na administração de Byron Queiroz (1995-2003). O BNB corre o risco de ser extinto?
Conforme o economista e um dos autores do projeto de criação dos fundos constitucionais, Firmo de Castro, o contexto político e as funções das instituições são outras. "A Sudene é uma autarquia e pode sobreviver morta, ou seja, foi recriada, mas é uma instituição sem validade. Nem legitimidade tem mais. O banco, enquanto instituição financeira, não pode ter esse mesmo caminho, porque está sob as regras objetivas infalíveis do mercado financeira".
Firmo de Castro lamenta o que ele considera uma tentativa de enfraquecer a instituição por interesses políticos. “Já houve quem recomendasse o fim dos bancos públicos e regionais. Na mal fadada administração Byron, houve um exemplo contundente disso, porque retirou o banco do contexto econômico regional, internamente já ficou enfraquecido”, analisa.
O professor da faculdade de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e ex-presidente do extinto Banco do Estado do Ceará (BEC), Antônio Carlos Coelho, se diz ser contra bancos públicos.“Os agentes econômicos serão racionais o bastante para, com regras claras e garantia de seu cumprimento, financiar a atividade econômica de um país, de uma região”, defende.
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