O GRITO DE UM ALIADO NORDESTINO - Jornal O Povo - Coluna Política
O Nordeste, se considerada a atenção recebida por alguns dos seus órgãos mais representativos, não anda muito bem tratado pelo governo Dilma Rousseff. Chama atenção o barulho que se faz na defesa do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), sob ataque da equipe econômica para repartir a administração do Fundo do Desenvolvimento do Nordeste. Ao mesmo tempo, um outro organismo sediado em Fortaleza, o Dnocs, sofre um preocupante e silencioso quadro de esvaziamento que tem indignado até parlamentares da base aliada. Um deles é o deputado Eudes Xavier, que está levando o assunto à discussão da Câmara Federal.
Por sugestão do petista, a Comissão do Trabalho discute amanhã o cenário atual no Dnocs, que ele próprio define como “grave”. Eudes Xavier diz haver relatos de dramas pessoais que mereceriam maior sensibilidade política. “Sinceramente, não sei porque nosso governo está fazendo isso”, lamenta o parlamentar, que quer explicações da atual direção do Dnocs para os cortes salariais que têm afetado servidores e levado a um quadro de desespero coletivo.
O GRITO DE UM OPOSITOR NORDESTINO
Outro quadro de aparente discriminação com o Nordeste foi levado ontem a debate na Câmara por mais um parlamentar cearense. Este, porém, da oposição. Aliás, o único que se conhece entre os 25 deputados e senadores que o eleitor mandou para Brasília. Raimundo Gomes de Matos (foto), do PSDB e presidente da Comissão de Agricultura, comandou audiência para discutir o problema que enfrentam os produtores nordestinos com o preço do milho para manter suínos, bovinos e aves. Cobra-se agilidade para dar eficácia a portaria interministerial (Fazenda, Planejamento e Agricultura) que garante o preço de R$ 18,00 para o pequeno produtor. Hoje, sem a garantia do governo, através da Conab, paga-se R$ 33,00, valor considerado impraticável diante do quadro de estiagem que a região enfrenta. Flávio Sabóia, presidente da Federação de Agricultura do Ceará, participou da reunião na Câmara e, para efeito comparativo, lembrou que o Sul recentemente enfrentou um quadro de veranico, muito mais leve do que a seca que assola o Nordeste, e portaria interministerial semelhante entrou logo em vigência, garantindo o preço mais baixo para os produtores. Tenta-se entender a dificuldade para ter a mesma agilidade com este lado do País.
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