A transferência de créditos de recebimento duvidoso, "podres", do Banco do Nordeste (BNB) para a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) não resolveria os problemas de capital do banco. A medida, ainda em avaliação pelo governo Federal, como forma de limpar os balanços de alguns bancos públicos (Caixa e BB) e expandí-los o capital, surtiria pouco efeito no BNB.
Segundo o diretor Financeiro do banco, Fernando Passos, a inadimplência total no BNB, em dívidas acima de 15 dias, de pessoas físicas e jurídicas, soma hoje, R$ 55,2 milhões, o equivalente a apenas 2,1%, do seu Patrimônio Líquido (PL), da ordem de R$ 2,5 bilhões. "A medida para nós teria impacto pequeno, porque o montante é pequeno", avalia Passos, apesar de reconhecer que seria uma outra forma de melhorar os créditos do banco, como aconteceu com a Caixa Econômica, na década de 2000.
Basileia
Da mesma forma, acrescenta, a transferência dos títulos "podres" para a Emgea pouco contribuiria para ampliar os índices de Basileia do BNB, hoje em 16,6%, quando o mínimo determinado pelo Banco Central (BC) é de 11%. Pelo acordo de Basileia, para cada R$ 100 mil emprestados, a instituição deve comprovar a existência mínima de 11%, ou seja, de R$ 11 mil, de PL. Passos informa que a Emgea procurou a direção no fim de 2011, mas as conversas não teriam avançado porque o volume de títulos a serem transferidos seria pequeno. Ele revela que no início do ano passado, o índice chegou a 13%, período em que o banco recorreu à União e o BC liberou R$ 1 bilhão.
O aporte foi feito em forma de Investimento Híbrido de Capital e Dívida, que entra no patrimônio de referência do BNB, e elevou, à época, o índice de Basileia para 18%. Hoje, apesar da forte demanda de crédito, ele diz que o índice de 16,6% ainda não preocupa e que o banco prevê investir em 2012, R$ 25 bilhões. Desse total, R$ 12 bilhões são do FDNE, do qual 20%, ou R$ 2,4 bilhões, podem ser destinados para grandes investimentos.
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