A aprovação do Fundo de Desenvolvimento do do Nordeste (FDNE) foi resultado do esforço conjunto da bancada federal nordestina e do Governo Federal numa tentativa de estimular o desenvolvimento dessa carente região do Brasil. Criado em 24/8/2001, através da Medida Provisória 2.156-5, o FDNE tem como objetivo maior financiar os setores produtivos (com a consequente criação de emprego e redistribuição de renda) visando, assim, debelar a desigualdade e a pobreza na Região.
O Banco do Nordeste do Brasil S/A (BNB), na condição de instituição eminentemente regional, foi nomeado seu agente exclusivo. Tal decisão do “poder central” gerou certo mal-estar por parte de outras instituições de crédito do Governo, que pretendiam “beliscar” o apetitoso patrimônio do novo fundo. Tal manobra, no entanto, não se configurou em razão da elogiável conduta dos parlamentares nordestinos e da então diretoria do BNB que cerraram fileiras e conseguiram fazer com que o banco detivesse a exclusividade para administrar o FDNE, ao tempo em que o fortalecia como agência bancária de desenvolvimento regional.
De lá para cá, sempre sob a batuta da seriedade administrativa BNB (salvo durante a caótica administração Byron Queiroz), constatou-se que os recursos (bilhões de reais) do FDNE (aliados aos do FNE) mudaram a face do Nordeste, com o fortalecimento da agricultura e do pequeno produtor, além de decisivo na alavancagem e consolidação do hoje eclético parque industrial. Pode-se afirmar, com convicção, que a Região experimentou dois momentos distintos: antes e depois do FDNE e FNE.
Mas eis que agora o BNB sofre um duro revés, espécie de “esvaziamento progressivo”, capaz até de desestabilizá-lo, porquanto o Banco do Brasil e a Caixa Econômica foram distinguidos com 2/3 dos recursos do FDNE, ficando o BNB com o 1/3 restante; muito pouco, para quem, mesmo quando detinha a exclusividade, nunca conseguiu atender a demanda de centenas de projetos.
O lamentável é que poucos vieram a público para questionar tão estapafúrdia decisão do Governo ou mostrar o relevante papel que o BNB desempenhou como administrador do FDNE. Pelo contrário, entre políticos da Região, acadêmicos, mídia, religiosos, intelectuais ou membros das associações representativas reina incompreensível silêncio como se estivessem pouco ligando para o destino de uma instituição da tradição e do respeito do BNB (e seus milhares de funcionários ativos e aposentados). Lamentável, imperdoável e injustificável. Acordem, senhores, antes que a tragédia se consume.
José Nilton Mariano Saraiva
Economista e aposentado do BNB
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