O Brasil foi o país que menos cresceu na América do Sul em 2011. As taxas de expansão da economia brasileira perdem para as de outras nações emergentes, como China e Índia, de forma recorrente. Mas, desde 2006, o desempenho do país não ficava aquém do resultado de todos os vizinhos sul-americanos, segundo estimativas recentes.
O fraco desempenho do Brasil, que cresceu apenas 2,7% no ano passado, deve fazer ainda com que o país fique abaixo da média de expansão da América Latina como um todo (próxima a 4%). Isso também não ocorria há cinco anos.
A desaceleração brasileira em 2011 é, em parte, explicada pela forte expansão de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010, que levou à alta da inflação. Isso forçou o governo a tomar medidas para esfriar a economia.
Mas outros países da região (como Peru e Uruguai) também passaram pelo mesmo processo e registraram desacelerações menos acentuadas no ano passado.
Isso leva alguns analistas a acreditarem que o governo brasileiro exagerou na dose:
O tombo sofrido pela indústria brasileira também ajuda a explicar o mau desempenho do país, segundo economistas.
O setor - que tem maior relevância para a economia do Brasil do que para a maioria dos vizinhos da região - vem sendo afetado pela valorização do real, que favorece os produtos importados.
Outro fator citado como freio ao crescimento brasileiro é o baixo nível de investimento na economia.
O economista da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), Carlos Mussi, observa que alguns países vizinhos têm alocado mais recursos em investimentos, o que lhes permite obter um crescimento maior. "A principal decisão de um país para garantir expansão alta é o quanto ele investe".
Em 2011, os investimentos no Brasil alcançaram 19,3% do PIB, contra uma média estimada de 23% na região, segundo dados da Cepal.
Por outro lado, a baixa integração comercial da América Latina limita os benefícios que o Brasil poderia colher com a expansão mais forte dos vizinhos.
O economista Renato Baumann, do Ipea, diz que as exportações dos países latino-americanos para a própria região representam menos de 20% das vendas totais. Na Ásia, essa média chega a quase 50%.
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