As mulheres bancárias ganham em média 24,10% a menos do que os homens, apesar de serem mais escolarizadas. As informações são resultado do levantamento realizado pela subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), feito com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Nos bancos privados, a disparidade de salários de mulheres e homens é maior. Neles a remuneração das mulheres é 29,92% inferior à dos homens, enquanto, nos bancos públicos, a diferença salarial média entre homens e mulheres é de 15,25%.
Nos bancos, as mulheres ocupam 48,48% do total de postos de trabalho, totalizando 234.203 mulheres empregadas. Nos bancos públicos, as mulheres representam 42,97% dos empregados e, nos bancos privados, são maioria entre o total de trabalhadores (53,05%).
Apesar disso, as mulheres que trabalham nos bancos têm maior escolarização que os homens, segundo a RAIS. No sistema financeiro como um todo, 71,67% das bancárias têm curso superior completo, contra 66,52% dos trabalhadores do sexo masculino. As diferenças salariais podem ser explicadas, segundo o estudo, pelo fato de as mulheres estarem concentradas em cargos na base da pirâmide, com as mais baixas remunerações.
As diferenças salariais entre homens e mulheres com doutorado chegam a 53,25% - enquanto o salário médio de um homem com doutorado é de R$ 12.595,93, o de uma bancária com o mesmo grau de instrução é de R$ 5.889,10.
"O país está em pleno desenvolvimento econômico e, no setor que se diz mais moderno e socialmente responsável, não é possível que haja este tipo discriminação. Não dá mais para admitir estas diferenças, temos que romper este ciclo de desigualdade", afirma Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.
Ocupações
Mesmo ocupando quase metade das vagas, as mulheres estão em apenas 19% dos cargos de diretoria e mesmo assim ganhando menos do que os homens. As diferenças salarias entre homens e mulheres se mantêm em cargos de todos os níveis dentro do banco. Confira na tabela abaixo.
Menos tempo de casa
As mulheres são maioria entre os bancários nas faixas de idade entre 17 e 39 anos. A partir dos 40 anos, tornam-se minoria. Os dados revelam que os homens chegaram ao final de três décadas ocupando cerca de 17 mil vagas, quase o triplo dos 6 mil postos de trabalho das mulheres com mesmo tempo de casa. A saída precoce de mulheres dos bancos pode ser reflexo tanto da dificuldade de obterem promoções e de terem acesso a cargos de maior prestígio e remuneração, quanto da preferência dos bancos pela presença de jovens em seu quadro de funcionários.
|