No BNB é uma novidade a cada dia. O que poderia ser positivo, no entanto, vem recheado de incertezas e indefinições, e o “novo” acaba sendo mais temido do que aguardado com ansiedade. Uma das “novidades” agora é o possível fechamento da agência de Brasília, em curtíssimo prazo, além da especulação de que a do Rio de Janeiro poderá ter o mesmo destino posteriormente. Até o momento informações extra-oficiais dão conta de que no caso de Brasília não se tratam de especulações, mas de fato já direcionado pelo Conselho de Administração do Banco. O “pai” da idéia, entretanto, não apareceu, mas se sabe que a medida é de inteira responsabilidade da Diretoria do Banco, tendo esta, deliberado por maioria. A que interesses tal medida atende e o que isso representa em termos de estratégia do Banco, entretanto, ainda não se sabe, mas a realidade de que não há visão estratégica, está notória. Não há justificativa para uma medida dessa natureza!
Ainda que houvesse um estudo técnico, que levasse em consideração, não o economicismo puro, mas uma atitude coerente, amadurecida, a partir de uma estratégia desenvolvimentista cujo foco fosse os benefícios para a região e a justiça social, que apontasse em resultados momentâneos insatisfatórios nestes aspectos, não se aplicaria diante da premente necessidade da representação institucional e até mesmo operacional do Banco nas regiões além polígono das secas. No entanto, algumas perguntas não querem calar: Houve tal estudo? Quem o elaborou? A partir de quais premissas se basearam? Como ficam os funcionários lotados nessa agência? Isso faz parte de uma estratégia maior de reestruturação das agências? Que estratégia seria essa e com que objetivos? É ordem de qual Ministério? Da Presidência da República? São inúmeros os questionamentos em torno da questão. No lugar das respostas, desinformação, falta de transparência nas informações, disse-me-disse, vulnerabilidade institucional, insegurança dos funcionários, os quais ficam angustiados e temerosos!
Ao que parece, a justificativa da Diretoria do BNB se baseia no prejuízo dado pela agência. O embasamento legal que se fala nos bastidores seria a lei de criação do Banco, que restringe a concessão de empréstimos do BNB a pessoas físicas ou jurídicas que não sejam estabelecidas no “Polígono das Secas” ou que não tenham atividades na referida área (Lei nº 1.649, de 19 de julho de 1952). Para a AFBNB, isso não tem fundamento; já foi superado, haja vista não só a manutenção das agências de São Paulo e de Belo Horizonte, como a orientação, pode-se dizer recente, do Governo Federal, para que o CrediAmigo do BNB estivesse presente na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Vê-se, então, que a questão é política. Além do que, o BNB é um banco múltiplo.
Entendemos que as situações que podem levar ao fechamento de uma agência exigem um debate amplo e consubstanciado. Precede a essa precipitação como atitude prioritária, prévia e fundamental, a discussão do papel da agência extrarregional, que inclusive contemple a sua redefinição. Defendemos e acreditamos que a finalidade de uma agência extrarregional não seja essencialmente dar lucro, mas sim prospectar novos negócios para o Banco, captar novas fontes de recursos a serem aplicados na região Nordeste e identificar projetos inovadores que possam contribuir para o cumprimento da missão Institucional, além de ser uma “ponta de lança” da ação do BNB no centro das decisões políticas da Nação como é o caso específico de Brasília.
Nossa preocupação maior é que essa medida acabe por representar um “tiro no pé”, e acarrete vulnerabilidade ao Banco, haja vista a possibilidade de a justificativa do lucro puramente econômico ser compreendida como elemento central da sua avaliação, em especial, no seio de quem tem o poder político e, em função disso, ser estendida às demais agências. É óbvio que não somos a favor do prejuízo, mas também não acreditamos no lucro por si só.
A AFBNB reafirma seu compromisso de luta pelo fortalecimento do Banco a partir de quatro eixos principais: aumento do capital social, aumento do funding de recursos, aumento da capilaridade e a valorização dos funcionários. O Banco precisa se expandir! O modelo de gestão deve ser repensado e as alternativas de atuação do Banco para viabilizar a sua missão, também! Defendemos, como colocado na Carta Compromisso com o Desenvolvimento Regional, entregue à Presidenta Dilma, que até 2014 o Banco dobre em número de agências.
Esperamos que esse assunto seja tratado de forma transparente e não precipitada; que a discussão seja amadurecida, embasada em estudos, e não tomada a toque de caixa, para atender a quaisquer que sejam os interesses. Queremos mais cuidado, zelo e respeito no trato ao Banco do Nordeste do Brasil e a seus trabalhadores.
Preocupada com os desdobramentos, a partir das considerações levantadas nesta mensagem, informamos que já foram encaminhados ofícios com pedido de audiências com o Presidente do BNB e com o Presidente do Conselho de Administração, com a urgência que o caso exige.
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