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Os trabalhos da AFBNB em 2012 começaram bem: em contato direto com a base, através da visita às agências de Caicó e Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, nos dias 5 e 6 de janeiro. Os diretores Dorisval de Lima e Assis Araújo, atendendo a convite feito pelo Sindicato dos Bancários daquele estado, conversaram com os funcionários daquelas unidades acerca de diversos temas e ouviram deles reivindicações que se somam ao coro das demais agências visitadas ao longo de 2011, e que, infelizmente, apesar das cobranças permanentes desta entidade, continuam sendo neglicenciadas pela administração do BNB.

 
Dorisval e Assis falaram sobre a atuação e o papel da AFBNB, bem como do Sindicato, enfatizando a importância do fortalecimento das entidades representativas para a luta dos trabalhadores. “Não há registro na história de que qualquer direito tenha sido dado por dádiva, mas sim fruto da luta e da participação dos trabalhadores”, lembrou Dorisval.
 
Condições precárias das agências, sistemas vulneráveis, atendimento comprometido pela escassez de funcionários, condições de trabalho inadequadas e incompatíveis com o volume de negócios do Banco, trabalho gratuito, pressão... O sentimento externado pelos trabalhadores das duas agências visitadas é de abandono e decepção com a direção geral. Segundo relato de funcionários, se por um lado cresce a demanda da sociedade pelos serviços do BNB, por outro a quantidade de pessoal reduzida e a morosidade nos processos gerenciais afetam a agilidade nos
processos do Banco.
Funcionários reunidos em Caicó (RN)
 
Os funcionários citaram ainda o incremento dos negócios do Crediamigo e Agroamigo, que acaba sendo concluído na agência, comprometendo ainda mais o funcionamento das mesmas. Outro ponto preocupante é o fato dos gerentes serem obrigados a assinar operações como aberturas de conta dos dois programas sem sequer conhecer o cliente. Uma das reivindicações para solucionar esse problema é a criação imediata de uma estrutura independente para Crediamigo e Agroamigo. A preocupação com a falta de transparência dos comissionamentos e a cobrança por uma política de isonomia também estiveram presentes nos debates tanto em Caicó quanto em Santa Cruz.
 
Irregularidades em Santa Cruz - Os funcionários acreditam que o fato de os sistemas estarem ultrapassados e obsoletos gera a vulnerabilidade dos negócios, além da insatisfação de funcionários e clientes, adoecimento do corpo funcional, além de favorecerem desvios de condutas e fraudes no Banco.
 
Esse, inclusive, foi o motivo da visita, feita em parceria com o Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte, através dos diretores Chicão e Marcelo Tinoco, que receberam denúncia de funcionários sobre a ocorrência de operações fraudulentas no âmbito do Pronaf B, dentro do Programa Agroamigo. Os funcionários afirmaram que tomaram conhecimento disso a partir da denúncia de uma cliente que teve o nome inserido no SPC, por débitos que não teria feito junto ao BNB.
 
Apuração da própria agência identificou cerca de 30 operações dessa natureza. Comunicada, a Direção geral instalou auditoria que constatou não ter havido atitudes ilícitas por parte dos funcionários do Banco. No entanto, apesar disso, os funcionários envolvidos no processo de crédito estão passando por processos administrativos. Para o diretor Dorisval de Lima, a atitude tomada pelo Banco é “sem sentido, absurda, abusiva” e também caracteriza assédio moral, porque as pessoas estão tendo seu registro profissional maculado por acusação de fraude. “Não aceitamos esse tipo de atitude, que consideramos irresponsável. A AFBNB defende que o Banco identifique os verdadeiros responsáveis e tome as devidas providências legais, e não responsabilize quem não tem culpa apenas como forma de dar resposta política ao fato, deixando os verdadeiros culpados impunes. O Banco, ao invés de culpabilizar os funcionários, deveria assumir a sua responsabilidade em estruturar as agências com condições de funcionamento adequado, nos aspectos de pessoal, instalações e sistema seguros, para assim acabar com a vulnerabilidade que permite fatos como esse”.

No entendimento da AFBNB, diante da fragilidade dos sistemas, esse fato não deve ser tratado como isolado, uma vez que as condições possibilitam desvios dessa natureza. “Se o Banco for fazer uma investigação minuciosa é capaz de encontrar outras situações semelhantes”, acredita Dorisval.

Dessa forma, por não concordar com a forma como o assunto vem sendo tratado e por não se tratar do primeiro caso abordado pela AFBNB, a entidade está preparando ofício para as áreas competentes (Presidente, com cópia para superintendência do RN, diretoria e área de desenvolvimento humano) cobrando a reparação dos danos aos funcionários que estão passando por processo administrativo, tendo em vista que a própria auditoria não constatou qualquer envolvimento destes no episódio. No mesmo ofício, a diretoria solicita reunião com essas áreas para tratar do assunto. Quanto à (falta de) estrutura das agências, a entidade entende que cabe ao Banco dar resposta urgente a esse problema, que não é novo e que afeta a própria imagem da instituição, além de desgastar seu patrimônio mais importante: seus funcionários.

Avaliação – Para a AFBNB, estar mais próximo à base é sempre positivo. “As reuniões foram boas tanto do ponto de vista informativo quanto organizativo da categoria”, avalia o diretor Assis Araújo. Para ele os trabalhadores devem participar ativamente das entidades, seja contribuindo, criticando e seguindo junto na luta.