O dia de ontem (quinta-feira) foi de manifestações e de muitas adesões à greve no Passaré – e por extensão, em todo o Banco, assim como está sendo o dia de hoje. Dentre os vários discursos proferidos por funcionários de base e por dirigentes da AFBNB e dos sindicatos, indignados com a falta de respeito do Banco e com a inoperância em apresentar uma proposta decente a seus trabalhadores, um que repercutiu foi o do conselheiro fiscal e ex-presidente da AFBNB, José Frota de Medeiros. Em sua fala, Medeiros questionou a justificativa da superintendente de desenvolvimento humano do BNB, Eliane Brasil, publicado em um jornal cearense ontem, na qual ela afirma que caso fosse adotada a mesma proposta do Banco do Brasil, o “prejuízo” para o BNB seria de mais de 20%.
Com base no balanço do primeiro semestre deste ano, divulgado pelo Banco, Medeiros fez uma análise chegando ao impacto de menos de 4% dos custos em relação às receitas geradas, caso o Banco desse, na melhor das hipótese, 20% de reajuste, mesmo permanecendo todas as demais rubricas de custos e receitas constantes, com anualização dos custos e receitas totais, a estrutura seria a mesma. A receita total do Banco (receita da intermediação financeira + receita de prestação de serviços + rendas de tarifas bancárias + outras receitas operacionais) foi de R$ 2, 66bilhões e a despesa de pessoal de pouco mais de R$ 474 milhões, o que daria 17,82% de custos em relação às receitas geradas. Se o Banco implementasse 20% de reajuste, o impacto seria somente de 3,75% a mais na folha. Os custos na folha dariam, sim, mais de 20%, mas apenas 3,75% a mais do que já é pago hoje, em relação às receitas totais. Com base nessas informações, da forma como foi publicado no jornal, o Banco sofreria um prejuízo de 20% em relação a quê?
O lucro do Banco cresceu 173% no primeiro semestre de 2011. Veja-se, na hipótese admitida, que o impacto sobre salários seria somente 3,75% em relação às receitas geradas. Portanto, o Banco teria margem operacional para suportar mesmo 20% de aumento de todas as verbas salariais. A notícia foi amplamente divulgada pela imprensa nacional na época. De onde saiu esse lucro, senão como resultado do trabalho e da dedicação dos funcionários? Comparações entre o BNB e outros bancos não se aplicam; suas funções são diferentes e sem entrar no mérito de qual trabalho é mais importante – o que não se aplica - apenas consideramos que as propostas do BB devam ser o mínimo aplicado ao BNB, banco cuja missão é contribuir com o desenvolvimento da região, portanto, de uma importância vital para o financiamento do desenvolvimento regional. Tecnicamente pode-se dizer que é o agente de importantes políticas públicas na área de sua atuação.
Considerar “prejuízo” o investimento em seu maior bem, os trabalhadores, mostra que tipo de política de desenvolvimento humano vem sendo construída no BNB, o que é, no mínimo, lamentável.
Não aceitaremos esse desrespeito com os trabalhadores do BNB. Exigimos proposta digna, decente e condizente com os excelentes resultados obtidos por seus funcionários.
Até lá, sigamos em greve!
A AFBNB orienta a participação dos trabalhadores nas assembleias do sindicato de sua base, para que qualquer que seja a decisão que venha a ser tomada, que ela seja coletiva. Orienta também à participação nas manifestações e ao acompanhamento das notícias. Uma greve coesa e forte é o caminho para ampliarmos nossas conquistas. |