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Em meio à forte greve dos bancários, a cidade de Fortaleza e todo o estado do Ceará foram surpreendidos ontem (29) por um lamentável e indignante episódio que ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e rapidamente correu todo o país. O local, que deveria ser exemplo de convivência pacífica, respeito, civilidade e democracia, transformou-se em palco de massacre após reação despreparada do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que tratou os professores da rede pública do Ceará a socos, pontapés, golpes de tonfas (espécie de cassetete) e gás de pimenta.

Motivo da reação desmedida dos policiais? Os professores estavam na Assembleia, denominada “Casa do Povo”, reivindicando um direito que lhes assiste, ou seja, o cumprimento da Lei do Piso, que estabelece piso nacional para os docentes desde 2009 e até hoje ainda não foi implantado no Estado pelo governador Cid Gomes, que, inclusive, foi ao STF, juntamente com outros governadores, pleitear a inconstitucionalidade da Lei, no que foi rechaçado pela mais alta Corte do País. 

É de extrema inadmissibilidade que trabalhadores sejam tratados de maneira tão autoritária, repressiva e truculenta por uma corporação que é instituída legalmente para garantir a ordem pública e dar segurança às pessoas. O que se viu ontem na Assembléia Legislativa do Ceará foi o contrário: policiais altamente despreparados, que não souberam conduzir satisfatoriamente um protesto que, até o início da reação desproporcional dos militares, mostrava-se pacífico, embora forte, vibrante e coeso.

Outra questão que salta aos olhos em todo esse episódio é a falta de habilidade política – e de vontade mesmo - do Governador Cid Gomes para negociar com a categoria. Os professores estaduais já estão em greve há quase dois meses e o Governo estadual não vem mostrando qualquer sinal de abertura ao diálogo com os docentes, o que seria o caminho natural e correto para sair do impasse atual da situação.

Na última vez em que se reuniu com uma comissão formada pelos professores em greve, o encontro teve um caráter meramente informativo, nada negocial e/ou democrático. O governador se limitou a comunicar sobre o Projeto de Lei – que não agradou à categoria - que estava encaminhando à Assembleia; projeto este que foi aprovado ontem pelos parlamentares, mesmo com toda a contrariedade dos docentes, o que mostra um quadro preocupante no Ceará, em que nem o Executivo tampouco o Legislativo estão atuando em sintonia com os anseios desses trabalhadores que reivindicam, de antemão, nada mais que um direito que o Congresso Nacional e o STF já lhes garantiram.

Desse modo, a AFBNB se solidariza e apóia incondicionalmente a luta dos professores da rede pública do Estado do Ceará, por entender que a categoria está jurídica e socialmente correta em reivindicar o piso nacional, que ainda assim é pouco para o trabalho incansável e árduo desses profissionais. Por outro lado, deixa claro seu repúdio à atitude da Polícia Militar em usar da violência extrema e repressiva para tolher os professores manifestantes de expressarem livremente seu descontentamento e revolta com a situação. O repúdio se estende também à Assembleia Legislativa e sua administração, que não só convocou o enorme aparato policial, mas, o que é ainda mais absurdo, permitiu e fez vistas grossas ao massacre a quem foram submetidos os professores.

Oportunamente, a Associação lembra o governador Cid Gomes de que não é mais do que obrigação enquanto chefe do Executivo estadual respeitar a decisão do STF e garantir de imediato o pagamento do piso nacional a todos os docentes.

Todo o apoio à luta dos professores! A greve não é crime; é um direito legítimo dos trabalhadores amparado pela Constituição e por Lei Federal específica! É justamente por isso que os bancários também continuarão em greve até terem suas reivindicações atendidas pelo patronato!

Leia aqui matéria do jornal O Povo sobre o episódio.