Manuel dos Santos Costa, 36 anos, morador do quilombo do Charco, no Maranhão, é mais um militante ameaçado de morte por ter tido a ousadia de defender os quilombolas frente aos interesses dos grandes latifundiários. Há seis meses ele precisou entrar no programa de proteção especial para defensores de direitos humanos, após ter sofrido um atentado.
As ameaças começaram, em 2008, após a cerca que divide uma fazenda das terras quilombolas ter avançado o limite do quilombo Charco. Em resposta, os quilombolas procuraram os órgãos responsáveis para que o limite de suas terras fosse respeitado.
No ano seguinte, em 2009, a Fundação Zumbi dos Palmares reconheceu os limites da terra do Charco, mas isso não foi o bastante para conter a ganância dos fazendeiros. Pistoleiros armados invadiram o Charco, no dia 30/10/2010, para matar Manuel, que, por sua sorte, não estava em casa no momento do atentado. Já Flaviano, seu companheiro, e também líder do quilombo, não teve o mesmo fim, foi morto com sete disparos, seis tiros na cabeça e um na nuca. As cápsulas são de uma arma calibre 380, de uso exclusivo da Polícia Militar do Estado.
Após o assassinato, familiares e amigos pediram que Manuel se afastasse do quilombo até que a situação se tranquilizasse. “Não vou embora, não vou me deixar intimidar”, afirmou Manuel que optou por ficar e enfrentar os latifundiários ao lado dos outros moradores e militantes do Charco.
Do grupo que assassinou Flaviano, cerca de 20 pessoas continuam em liberdade. Manuel também lembrou que existem vários outros quilombos no Maranhão, que assim como o Charco, sofrem com as constantes ameaças dos grandes fazendeiros locais. Para ele, o Estado brasileiro defende os interesses dos latifundiários, em detrimento ao respeito pela cultura dos quilombolas e por toda a história de resistência do povo negro no Brasil. |