Sergio Machado - Presidente da Transpetro
Nos últimos anos, um sério entrave tem retardado a maior projeção política que o Nordeste brasileiro de há muito já merece, no cenário nacional. A briga entre Estados, cada um querendo um quinhão maior de benefícios e vantagens, em detrimento do vizinho, acabou por enfraquecer a todos.
Já fomos politicamente fortes, em outras épocas. Tínhamos – e perdemos – coesão, unidade e representatividade. Curiosamente, no momento em que o presidente Lula alocou para o Nordeste a maior soma de projetos estruturantes e investimentos que nossa região já conheceu, encontrou o poder político local
dividido, esvaziado pela guerra fiscal entre Estados e entre empresas.
Em outros tempos, tínhamos unidade mas faltava força eleitoral. Nos últimos anos, reforçamos o nosso poder do voto, nos tornamos fundamentais para a eleição de dois presidentes, mas voltamos a nos dividir.
O que o Nordeste precisa fazer, com urgência, é convocar seus melhores cérebros, nas academias, centros de pesquisa e de tecnologia, para elaborar planos de desenvolvimento duradouro. É importante lembrar que a nossa região só apareceu no cenário nacional quando apresentou projetos inovadores, de vanguarda.
Temos de formar conhecimento próprio, aprimorar a educação em todos os níveis, criar tecnologias específicas. Estes são os investimentos estruturais capazes de mudar a face do Nordeste. Precisamos nos unir em torno de um planejamento regional que contemple vocações e estimule complementaridades. É assim que chegaremos a projetos e verbas suficientes para consolidar a aprofundar o nosso notável crescimento crescente.
O Brasil vive um momento esplêndido na hoje multipolarizada geopolítica mundial. Nosso país emerge como potência capaz de suprir outros países com alimentos e toda sorte de produtos, incluindo o petróleo que começa a ser extraído da camada do pré sal. O Nordeste precisa se recolocar adequadamente nesse mapa mundi redesenhado. Nossa maior proximidade do Hemisfério Norte, em relação ao Sul/Sudeste, é um exemplo de vantagem comparativa que deve ser melhor aproveitada.
Contrapor projetos semelhantes e concorrentes, concentrar esforços na disputa predatória por verbas isoladas, são antigos costumes que geram apenas desperdício e descontinuidade. Consenso é também bom senso, política maior, defesa dos interesses do eleitor, em torno de ideais convergentes.
O Nordeste não precisa de críticos, aqueles que tratam apenas do passado, mas de visionários, que olhem para o futuro em busca das melhores maneiras de se transformar em benefícios para todos os nordestinos as oportunidades que se apresentam. |