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Saiu na Imprensa

  15/06/2011 

Pela conquista de uma segunda independência!

A primeira República da América do Sul protagonizou uma das revoluções mais radicais e profundas do continente. Foi em nosso país que o povo pobre, orientado pelo Dr. Francia e os López, conquistou colossais transformações econômicas além de sua libertação política da Espanha e dos anseios centralista de Buenos Aires, então uma sub-metrópole da Inglaterra. Mediante confiscos e pesadas multas aos inimigos da independência (espanhóis, portenhos, e o clero católico), sob o governo revolucionário do Dr. Francia se realizou uma reforma agrária radical, que foi a base para a posterior introdução dos mais avançados progressos técnicos durante o período dourado dos López.

Um insólito Paraguai se desenvolvia de forma completamente independente dos investimentos e empréstimos ingleses, que afogavam o Prata e o império do Brasil. Este perigoso “mal exemplo”, que não se ajustava ao modelo neo-colonial que impunha o monopolismo e a banca inglesa, foi o motivo do genocídio que representou a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguay diante da resistência heróica que empreendeu nosso povo na defesa das conquistas de sua revolução.

Seria extenso, e não é este o propósito destas linhas, resenhar os feitos desta história tão sublime como trágica. Resta dizer que nosso passado como povo nos enche de orgulho e é um incentivo para nossas lutas atuais.

Por isto sustentamos que a comemoração do bicentenário da revolução de maio deve ser, antes de tudo, um chamado à luta pela nossa Segunda e Definitiva Independência. Deve ser um chamado a recuperar a independência perdida pelas garras da nefasta Tríplice Aliança.

Os festejos de hoje

Muito se fala do “bicentenário”, mas pouco de independência e nada de revolução. As fanfarras e os onerosos eventos oficiais atuais, e que nosso povo assiste com expectativa, se fazem vazios de conteúdo político e histórico crítico, e têm a intenção de esconder ou deformar este passado e esta história. Não é por acaso. Para as classes dominantes, semelhante história de luta, dignidade e heroísmo é melhor que não se conheça; ou que se transmita mutilada, deformada.


Quando recordamos os duzentos anos da façanha daquele maio, é preciso refletir sobre o hoje à luz do amanhã: o Paraguai é verdadeiramente um país independente e soberano? Os recursos naturais e todas as nossas riquezas, como as terras, indústrias ou recursos financeiros, estão ao serviço do desenvolvimento do Paraguai?

Sustentamos que, a realidade do Paraguai, desde 1870 em diante, não é a de um país independente. Desde aquela fatídica matança nosso país ocupa o lugar que interessa ao imperialismo e as sub-metrópoles regionais que ocupe:o de produtos de matérias primas e consumidor de produtos manufaturados dos países ricos.

Nestes 140 anos, se deu um processo interrompido de perda de nossa soberania territorial, política, econômica, alimentar, energética e militar. Mas esta não é somente uma realidade nacional. Isto tem a ver com um processo de re-colonização impulsionado pelo imperialismo a nível continental, que pretende submeter a nossos países como faziam as monarquias européias durante a colônia. O objetivo é possuir um domínio direto no campo econômico, político e militar.

Para aplicar esta política de re-colonização, as potências imperialistas contam com aliados eficientes: os governos e parlamentos latino-americanos, que atuam como meros administradores coloniais. Em nosso país, durante as décadas recentes, foram os colorados os agentes e sócios menores do imperialismo, fundamentalmente o norte-americano. Depois de 15 de agosto de 2008, se somou a esta tarefa o governo “da mudança”, encabeçado por Fernando Lugo e o PLRA.

Agro-negócio, privatizações, dívida externa...

O modelo de desenvolvimento anti-nacional e anti-popular segue e se aprofunda com o governo atual. Este modelo, baseado no latifúndio, produz soja e carne para exportação. Os lucros são embolsados por um punhado de empresas multinacionais e umas poucas famílias. Para o povo trabalhador resta a fome, o despejo de nossas terras e a destruição de nosso meio ambiente.

Se pode falar de um país independente e soberano quando suas melhores terras não produzem o que o povo precisa para garantir suaalimentação? Somos independentes quando os donos o gerentes de empresas estrangeiras determinam o que, como e quanto produzir? Ou quando por causa deste modelo econômico neo-colonial, 19,4% do território esteja sob controle direto ou indireto de empresas ou proprietários estrangeiros, fundamentalmente os brasileiros? Onde está a independência quando no Alto Paraná e Caaguazú mais de 63% das propriedades de mais de mil hectares têm donos estrangeiros?

Considerando os aspectos que dizem respeito a nossos demais recursos naturais e energéticos, ainda que reconhecendo o avanço quanto a um melhor pagamento pela energia por parte do Brasil. Existe soberania na posição do governo de abandonar a bandeira histórica da renegociação do leonino Tratado de Itaipu? É soberano o Paraguai em matéria de concessões mineiras e petroleiras? Existe soberania quando 1.250.000 hectares (Marcos Glauser) estão entregues a corporações estrangeiras? Ou no caso da poderosa empresa de alumínio anglo-australiana Rio Tinto Alcan, constitui uma política soberana a abertura manifesta do governo a que se instale um enclave industrial cujas operações teriam um impacto ambiental altamente negativo e que exige a aprovação de uma Lei de exploração especial sob medida? Sobre o patrimônio e os bens estatais, se pode falar de um país soberano quando este governo impulsiona as privatizações dos aeroportos, dos rios e das estradas?

E se falamos de dívida externa, somos independentes quando o governo paga 417 milhões de dólares por ano, mais de um milhão por dia da dívida externa e interna? Ou quando, a mando do FMI, se mantêm reservas internacionais de mais de 4,3 bilhões de dólares que não podem ser tocadas porque representam uma garantia para os banqueiros estrangeiros? Para as escolas, hospitais, moradias populares, estradas, rede elétrica nunca há dinheiro, no entanto, aos finos cavalheiros do FMI e do Banco Mundial se paga adiantado.

Pela Segunda Independência.

É o momento de dizer basta a tanto roubo, tanto saque de nossos recursos, de nossas riquezas. Chegou a hora de lutar por nossa Segunda e Definitiva Independência e governar nós mesmo nossos destinos.

Como fizemos há duzentos anos, é necessária uma revolução para emancipar-nos. Esta luta de libertação nacional de toda dominação imperialista não poderá se concretizar sem uma libertação social dentro de nossas fronteiras e a nível internacional, ou seja, sem uma Revolução Socialista que instaure uma economia a serviço do bem-estar e da qualidade de vida das grandes maiorias. Esta luta é uma luta internacional, é uma luta continental, como foi o processo da primeira independência.

Por outro lado, as tarefas de libertação nacional e social já não estarão nas mãos de setores burgueses de nenhum tipo, sejam estes “democráticos” ou “reacionários”, mas sim das classes exploradas e oprimidas.

Somente as massas operárias, camponesas, as mulheres e homens do povo trabalhador poderão libertar o país do imperialismo no mesmo processo em que nos livraremos da exploração da burguesia nacional, e seus governos cúmplices das empresas e bancos multinacionais.
Fonte: Liga Internacional dos Trabalhadores
Link: http://www.litci.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=2559:pela-conquista-de-uma-segunda-independencia&catid=44:paraguai
Última atualização: 15/06/2011 às 14:45:00
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