Apesar do perfil eminentemente técnico do novo presidente do Banco do Nordeste (BNB), Jurandir Santiago, o desfecho das negociações que culminaram com o nome do presidente da Cagece para dirigir a instituição de fomento na região mostra a força do governador Cid Gomes junto à presidente Dilma Rousseff.
Pelo que os bastidores políticos apontam, chegar ao nome de Santiago foi a reta final de um longo período de conversas, consultas e negociações. Teve a ver com a busca de prestígio do PSB no governo do PT e até com a recente crise envolvendo o então ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci.
O início da temporada de especulações sobre quem seria o novo presidente do BNB partiu do próprio Palácio do Planalto, com a clara sinalização, pela própria presidente da República, de que não pretendia manter comandos de estruturas do Governo Federal que já vinham de muitos anos.
A decisão de dar uma “arejada” no segundo escalão do Ministério da Fazenda colocou no topo da lista o nome do ainda presidente do BNB, Roberto Smith. Oficialmente, a instituição procurava desconversar sobre possíveis substitutos. Mas, por lá, o staff já sabia que a troca de comando era uma questão de dias.
Nas últimas semanas, o nome do diretor do Banco do Brasil em Brasília, o cearense de Mauriti Eduardo de Oliveira Martins, que vinha surfando como forte possibilidade, começou a ceder espaço para Jurandir Santiago.
O nome do diretor do BNB, José Sydrião de Alencar, chegou a ser cotado, sem sucesso. Outros foram vetados, como o do ex-superintendente do Banco do Brasil, Francisco de Assis Germano Arruda.
Relações políticas
Teria pesado na escolha do presidente da Cagece não só o desempenho em entrevistas que teve em Brasília, uma delas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, como também o fato de o funcionário de carreira da Caixa Econômica manter muito boas relações com alguns dos principais líderes políticos do Ceará.
A saber: o próprio Cid Gomes, o senador Eunício Oliveira (PMDB) e o deputado federal José Nobre Guimarães (PT), este último padrinho político do atual presidente do BNB.
Aí entra o caso Palocci. Dizendo-se desprestigiados no Nordeste, PSB, PMDB e PT, no vácuo da fragilidade política gerada pela queda do braço direito do Palácio do Planalto, atuaram junto para manter a presidência do BNB com um nome ligado ao Ceará.
Acertos nesse sentido teriam sido lavrados em conversas, também, entre Cid e o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. |