Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário no País
Sob ameaça da invasão de importados, capital e trabalho deixaram as diferenças de lado para juntar forças numa cruzada em defesa do produto brasileiro.
A aliança entre representantes das indústrias e das centrais sindicais começou a ser articulada nas mesas de negociação salarial, avançou em reuniões setoriais conjuntas e deve ganhar força no início de 2011, com a posse do governo Dilma Rousseff.
Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pelo avanço do processo de substituição da produção local por estrangeiros. Entre eles, estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis.
“Queremos falar com a presidente Dilma, a equipe econômica e os parlamentares para mostrar o mal que isso está causando à economia”, diz o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva.
Os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, e da categoria em São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, Miguel Torres, vão propor hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, eventos para debater a competitividade da indústria. “”Num momento como este, não dá para cada um ter a sua agenda. É necessário ter uma agenda única, um diagnóstico comum das medidas importantes para reverter o quadro”, afirmou Nobre.
União
A atuação conjunta do capital e do trabalho faz sentido. Nas negociações salariais deste ano, os trabalhadores chegaram a conquistar aumentos superiores a 6% além da inflação. Mas o ganho poderia ter sido maior. “As empresas alegam que perdem competitividade com o aumento dos salários”, afirma Torres.
Os sindicalistas temem que, no caso de uma eventual reviravolta no mercado interno, as empresas, além de importar, passem a demitir Há preocupação ainda sobre os novos investimentos e a criação de empregos.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Um exemplo de investimento que não foi feito no produto nacional é o da Usiminas, que desistiu de construir uma usina no Vale do Aço, em Minas Gerais. A unidade, que estava embargada desde a crise internacional, teria capacidade para produzir cinco milhões de toneladas por ano e exigiria investimentos de US$ 6 bilhões. A importação direta e indireta de aço este ano, somam-se 10 milhões de toneladas, o que representa quase duas Usiminas, de acordo com o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes.
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