Estudo da empresa americana de tecnologia revela que a capital cearense está à frente das cidades de Brasília, Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, em eficiência de serviço
Para espanto de alguns usuários da cidade, Fortaleza está no topo do ranking das seis capitais brasileiras com melhor serviço de Internet banda larga, à frente de Brasília, Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, nesta ordem. É o que mostra estudo da empresa americana de tecnologia Cisco, em parceria com as universidades de Oxford (Inglaterra) e de Oviedo (Espanha).
Divulgado ontem, dia 18, o estudo mediu a qualidade da banda larga em 239 cidades de 72 países, que também foram avaliados de acordo com a penetração do serviço. Para aferir a qualidade, a pesquisa levou em conta as velocidades de download e upload de arquivos e o tempo de latência, ou seja, de transmissão e recepção de sinais (na prática, o tempo entre dizer algo e ser ouvido por outra pessoa numa conversa pela Internet, por exemplo).
Usuário de Internet banda larga quase em tempo integral, o blogueiro cearense e consultor de conteúdo para Web, Antino Silva, diz que Fortaleza pode até ser a melhor do Brasil, mas o País está longe de ser um paraíso da banda larga. A pesquisa revela também que, no ranking geral, o Brasil ficou na 42ª posição, caindo sete posições em relação a um mesmo estudo, feito em 2008. Na ocasião, havia 13 nações a menos na lista.
Outro fator para o qual Antino chama atenção é aspecto técnico de avaliação do estudo para medir em qual cidade a Internet é melhor. “Precisamos analisar como essa Internet está sendo distribuída para a população. Do que adiantaria ter uma conexão incrível para um punhado de pessoas?”, questiona.
A pesquisa mostra que 21% dos lares brasileiros têm banda larga. Em 2008, eram 16%. Em entrevista concedida à BBC, o diretor-sênior da Cisco, Fernando Gil de Bernabé, diz que, apesar do progresso, que segue a média dos outros países, o Brasil não deu um grande salto nem na qualidade do serviço, nem no número de pessoas com acesso a serviços de banda larga, como as nações do Oriente Médio.
O Brasil tampouco está no grupo nos 14 países que, de acordo com a pesquisa, estão preparados para aplicativos que necessitarão de uma banda larga de maior qualidade nos próximos cinco anos.
O estudo prevê que, nesse período, e-mails, redes sociais, sites de vídeos e programas de conversa vão exigir velocidade muito maior de recepção e transmissão de dados. Na pesquisa feita em 2008, somente o Japão estava preparado para os avanços que ocorreriam nos anos seguintes.
Controvérsias
Para o vice-coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, Riverson Rios, a capital cearense não merece o título. “O serviço ainda é muito ruim. Sempre cai, independente da operadora”, afirma. O vice-coordenador também ressalta que a velocidade vendida aqui sempre foi mais baixa, em comparação ao Sul e Sudeste, sem contar os preços altos e a exclusão digital de parte da população.
Já o consultor de conteúdo para a Web, Gilberto Soares, defende que o serviço de Internet banda larga, em Fortaleza, melhorou muito depois da chegada da operadora GVT. “Antes, as únicas outras duas operadoras do mercado cearense, podia abusar nos preços, no péssimo atendimento e na baixa qualidade. Chegou uma boa concorrente para equilibrar mais”, avalia. (Luar Maria Brandão, com agências)
NÚMEROS
72
PAÍSES FORAM AVALIADOS PELO ESTUDO DA EMPRESA CISCO
42º
É A POSIÇÃO DO BRASIL NO RANKING GERAL DO ESTUDO INTERNACIONAL
21%
É O PERCENTUAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA COM ACESSO À BANDA LARGA
E-Mais
A BANDA LARGA NO MUNDO
No ranking geral, o Brasil ficou na 42ª posição. Veja situação de outros países:
Líder do ranking no último estudo, o de 2008, a Coreia do Sul manteve a posição e aumentou a vantagem em relação aos demais países. Atrás dela vêm Hong Kong, Japão, Islândia, Suíça, Luxemburgo e Cingapura.
Entre os países onde a penetração da banda larga mais aumentou se destacaram Emirados Árabes Unidos, Malta, Chipre, Irlanda e Grécia
A pesquisa também cita países do leste europeu (entre os quais Bulgária, Hungria, Romênia e República Tcheca), destacando que, ao concentrar seus investimentos na instalação de redes de cabos e fibra óptica em suas principais cidades, ultrapassaram países mais ricos no quesito qualidade da banda larga.
Isso porque, nas nações desenvolvidas, a política mais comum tem sido aumentar o número de usuários do serviço, ampliando sistemas mais antigos e menos eficientes, como o DSL.
A pesquisa ainda aponta que 10% das pessoas com acesso à banda larga pelo celular já obtêm qualidade semelhante à de redes fixas, um avanço significativo em relação às últimas pesquisas. (Fonte: BBC)
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