De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 64% dos nordestinos acreditam que o presente seja o momento ideal para aquisição de bens duráveis. O número é maior do que a média nacional
O brasileiro acredita que a situação financeira dele e do País hoje está melhor do que há um ano e que vai estar ainda melhor daqui a cinco anos. Também tem uma expectativa positiva em relação ao mercado de trabalho.
No Brasil, o grupo mais otimista em relação ao futuro é o nordestino: 64% das famílias da Região Nordeste acreditam que o presente seja um momento ideal para a aquisição de bens de consumo duráveis, contra 53% de média brasileira, de acordo com a pesquisa do Índice de Expectativas das Famílias (IEF), divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O chefe da Assessoria Técnica da Presidência/Ipea, Milko Matijascic, explica que a questão do endividamento do brasileiro não preocupa. Segundo ele, nos países mais ricos da América do Norte e Europa o endividamento ultrapassa 100% do Produto Interno Bruto, enquanto no Brasil não atinge nem 25%. "Os que responderam que não poderiam quitar as dívidas em dois meses o fizeram porque têm dívidas de longo prazo como automóveis, eletrodomésticos", completa, ressaltando que a resposta seria semelhante em outros países.
Milko Matijascic resume a pesquisa destacando que as famílias brasileiras estão otimistas com o comportamento socioeconômico nacional, seja no período de um ano, seja para o período mais extens o que atinge cinco anos.
O estudo considera ainda que ao contrário do que é imaginado usualmente, não são as categorias de menor renda ou instrução as mais otimistas. “A situação de agosto de 2010 é considerada melhor que a de agosto de 2009 – e com expectativa de que a situação para os próximos 12 meses seja ainda melhor.
Melhoria crescente
O mestre em economia e professor Ricardo Coimbra observa que existe uma expectativa muito grande dos nordestinos em relação a melhora da situação econômica do País nos próximos 12 meses. "84% acham que a situação financeira da família estará melhor. Isso se dá devido à crença de que hoje a situação deles é bem melhor do que nos anos anteriores", comenta.
Coimbra avalia ainda que com a percepção de uma situação financeira melhor do que no ano passado, as famílias nordestinas acreditam ser esse um bom momento para a aquisição de bens de consumo duráveis. Como a maioria não planeja fazer novos empréstimos pode-se acreditar que para a aquisição desses bens parte virá de reservas acumuladas ao longo dos anos. "Observa-se também a percepção de que se teve uma melhoria de sua situação, e diminuiu seu grau de endividamento”, explicou.
NÚMEROS
64%
DAS FAMÍLIAS NORDESTINAS ACREDITAM QUE O PRESENTE SEJA UM MOMENTO IDEAL PARA A AQUISIÇÃO DE BENS DURÁVEIS
70%
DAS FAMÍLIAS ACREDITAM ESTAR POUCO OU NADA ENDIVIDADAS E CERCA DE 90% NÃO POSSUEM A INTENÇÃO DE CONTRAIR DÍVIDAS NOVAS NOS PRÓXIMOS MESES
60
ANOS OU MAIS É A IDADE DOS CONSUMIDORES QUE SURGEM COM MENOS DÍVIDAS
E-MAIS
>O Índice de Expectativas das Famílias (IEF) é um indicador que reflete a percepção das famílias sobre questões como sua condição financeira em comparação à de um passado recente e expectativas para um futuro de curto a médio prazo.
> Por meio da aplicação de 3.772 questionários presenciais nas casas dos entrevistados, são levantadas as expectativas das famílias das cinco regiões brasileiras.
>O IEF aponta se as pessoas se sentem seguras na sua ocupação atual e se têm expectativas de alguma melhoria profissional no curto prazo.
> O Ipea avalia que o cenário favorável parece estar ligado às expectativas do mercado de trabalho.
> Pela pesquisa, cerca de um terço da população espera obter melhorias no trabalho em seis meses.
>A maioria das famílias brasileiras (54%) tem dívidas, o valor médio é de R$ 5.427.
>Entre as 3.810 famílias entrevistadas em 214 cidades do País, 11,08% disseram estar muito endividadas. Já 26,25% avaliam que suas dívidas são pequenas. |