Para catedráticos do Ipea, o Brasil precisa fazer mais do que está fazendo para alterar quadro de injustiça Social
A necessidade de se ter um país com padrão de desigualdade compatível com o tamanho de sua população e com o fato de este ser a 8ª economia do mundo pautou a reunião dos catedráticos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada na última semana, em Brasília, onde o grupo de pesquisadores apontou a direção para o Brasil que se quer nos próximos anos.
Nesse sentido, destaca o economista Flávio Ataliba Barreto, catedrático do Ipea e professor do Curso de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC) e ainda Coordenador Executivo do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), a ideia é resgatar o pensamento nacional sobre planejamento econômico, trazendo de volta o estado desenvolvimentista que marcou a condução da política brasileira dos anos 1950 até meados da década de 1980, com o governo indutor desse processo. "Perdeu-se aquele País que se viu até meados dos anos 1980 e não se retomou mais. Mesmo com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), isso não aconteceu, pois este ficou restrito a obras. Então, temos a necessidade de retomar o planejamento econômico no Brasil", afirma o economista, lembrando ainda a importância dessa discussão nos níveis regional e dos estados.
De acordo com Ataliba, os 11 catedráticos do Ipea, se aprofundaram, nos últimos 12 meses, desde que foram criadas as Cátedras, na contribuição deixada por expoentes do pensamento brasileiro sobre desenvolvimento, no esforço de trazer para a atualidade suas ideias, a fim de auxiliar o próximo governo a resgatar o estado desenvolvimentista e alterar radicalmente o quadro de injustiça social.
À frente da Cátedra Josué de Castro, um dos primeiros pensadores sobre a questão da fome e pobreza no Brasil, Ataliba avaliou os efeitos da expansão da renda e redução da desigualdade sobre a pobreza no País, a partir de indicadores monetários e não monetários. Como resultado, ele aponta que a condução de políticas públicas para a redução das desigualdades têm impacto superior na diminuição da pobreza, sobretudo quando se avalia essa condição a partir de variáveis não monetárias, como esperança de vida ao nascer, taxas de mortalidade infantil e analfabetismo e abastecimento de água e esgoto.
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