A tarifa de telefone celular pré-pago no Brasil é a mais cara entre os principais mercados da América Latina e do Caribe. O resultado faz parte de um estudo do Diálogo Regional sobre a Sociedade da Informação (Dirsi), com dados do segundo semestre de 2009.
A enfermeira Gisele Alves Jácome, 27, faz parte da estatística de 84,4% dos brasileiros que possuem celular pré-pago registrado, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Gisele diz perceber a diferença no preço dos minutos falados no pós-pago para os valores gastos com ligações utilizando créditos. Mesmo assim, há cinco anos, abandonou a conta de telefone móvel.
“Estava dando muito cara (a conta). Agora, tenho mais controle”, diz. Ela admite ficar menos tempo ao telefone, mas garante: “É mais vantajoso para mim, porque existe muitas promoções. Não penso em voltar para a conta”.
Antes mesmo de ouvir a pergunta por completo, a dona de casa Sueli Araújo já demonstra revolta com as tarifas dos pré-pagos. “Está caríssimo e eles não negociam nada. Sabem que a cobertura é boa e aproveitam”, queixa-se. Segundo Sueli, como todas as tarifas são altas, o que a faz escolher a operadora de celular é a cobertura e a adesão dos amigos. “Preciso me comunicar com todos”, explica.
A base de usuários de telefonia celular no País atingiu a marca de 183,71 milhões em maio, por tanto, de acordo com o levantamento da Anatel, são cerca de 155 milhões de celulares pré-pagos.
''Salgado''
De acordo com levantamento da Dirsi, um usuário de celular pré-pago que realiza aproximadamente uma chamada e envia uma mensagem de texto por dia gasta US$ 45 (cerca de R$ 80) por mês, no Brasil, enquanto que no segundo país da lista, Honduras, o custo cai para US$ 25,69 (cerca de R$ 45,7).
No último lugar do ranking de custos está a Jamaica, com US$ 2,20 (R$ 3,9). O gasto médio da região é de US$ 15 (R$ 26,7) .
A pesquisa conclui que o alto custo das tarifas “tem como consequência um baixo acesso dos serviços de telefonia para os usuários da base da pirâmide (social)”.
O serviço é considerado acessível quando um usuário gasta menos de 5% de seus renda para comprá-lo. O estudo avalia ainda que, com exceção da Costa Rica, o custo do serviço na América Latina supera a capacidade de pagamento dos usuários.
O Dirsi reúne profissionais e instituições especializados no setor de telecomunicações. A pesquisa foi desenvolvida pelo economista Hernan Galperin, da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires.
O POVO entrou em contato com as quatro maiores operadoras no Ceará - Oi, Tim, Claro e Vivo. A Claro e a Oi deram retorno, mas não opinou sobre o assunto nem repassaram informações. As outras duas não retornaram o contato com o comentário sobre o assunto até o fechamento desta edição.
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