Brasília O sistema bancário brasileiro está em situação "confortável" em termos de liquidez e solvência para enfrentar estresse na economia, e expande sua carteira de crédito com significativa redução no nível de risco. Esse é o quadro traçado pelo Banco Central (BC) no seu relatório de estabilidade financeira, documento relativo ao 2ºsemestre de 2009 divulgado ontem.
"Os principais eventos que determinaram a dinâmica do sistema bancário foram a expansão do crédito e a melhora na qualidade da carteira de crédito em razão, principalmente, da retomada da atividade econômica. A análise da liquidez, por sua vez, demonstra que o sistema bancário detém montante de ativos líquidos suficientes para suportar suas operações, inclusive, em situações de estresse, além de dispor de fontes de captação de recursos para sustentar o crescimento da carteira de crédito. A solvência das instituições permanece em níveis confortáveis", diz o BC.
O relatório faz uma análise segmentada dos diferentes riscos a que o sistema financeiro está sujeito. Um deles foi o risco de solvência, ou seja, sobre a capacidade de os bancos honrarem seus compromissos, o BC constatou uma melhora geral. Isto foi evidenciado pela redução no nível de alavancagem das instituições (de 9,2 para 8,8) e pela elevação do chamado Índice de Basileia, que é o quanto de capital os bancos têm em relação às seus ativos (como empréstimos realizados), que passou de 18,4% para 18,6% entre junho e dezembro de 2009. O Índice de Basileia é considerado um dos mais importantes indicadores sobre a saúde do sistema financeiro.
No chamado "teste de estresse", em que o BC simula situações de crise nos mercados e na economia, o Índice de Basileia cai, mas segue em nível bem acima dos 11% exigidos pela legislação brasileira. Internacionalmente, o nível mínimo para ser considerado seguro é de 8%. De acordo com cálculos do BC, no cenário "mais severo", que comportaria uma redução na taxa de juros, o Índice de Basileia cairia para 15%, "o que indica boa situação de capitalização do sistema". De acordo com o BC, algumas instituições, que representam apenas 6,1% dos ativos do sistema, apresentariam nesse caso índice abaixo do mínimo, mas nenhuma ficaria insolvente.
Liquidez
Outro indicador analisado foi o risco de liquidez, ou seja, sobre a disponibilidade imediata de recursos financeiros para fazer frente a uma determinada situação de curto prazo. Segundo o BC, o 2º semestre foi marcado por uma redução no nível de liquidez (de 51,8% para 50%), mesmo com a retomada no crescimento das captações de recursos pelos bancos. Esse fenômeno ocorreu por conta do aumento das operações de crédito, que têm maior retorno para os bancos, mas não têm o mesmo nível de liquidez que um título público, por exemplo, oferece.
Risco de crédito
Sobre o risco de crédito, o Banco Central destaca a trajetória de aumento da exposição dos bancos a financiamentos, como forma de preservarem sua rentabilidade. Embora o ritmo de crescimento do crédito demande "cautela", o BC entende que ainda há espaço para expansão antes que o volume de crédito chegue em níveis preocupantes, avalia que o nível individual de endividamento não sofreu alteração significativa e que em geral a carteira de crédito demonstrou melhora na qualidade e menor concentração das operações de maior valor.
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