A região Nordeste foi a que menos reduziu a pobreza tanto no período FHC quanto no governo Lula. E a tendência, segundo o professor Flávio Ataliba, é que essa queda continue mais lenta e em menor proporção do que no restante do País.
O que contribuiu para o resultado foram as políticas públicas de distribuição de renda, mas as condições históricas dificultam a diminuição desse fosso.
O Nordeste é também a região que apresenta os maiores indicadores. Há muitos pobres e é onde a renda se situa mais próximo da linha de pobreza e apresenta maior perversidade entre as regiões.
Além dos estados nordestinos apresentarem os maiores valores absolutos de proporção de domicílios pobres, registram as menores reduções no período todo (1995-2008).
Sudeste melhora
Os três estados brasileiros que mais reduzem o indicador respectivamente em ordem decrescente são Santa Catarina (75%), Paraná (62%) e Espírito Santo (57%), pertencentes às regiões Sul e Sudeste. Já os quatro que menos recuam são Pernambuco (25%), Alagoas (25%), São Paulo (27%) e Bahia (28%). Destes, três são pertencentes ao Nordeste. Em particular, Pernambuco tinha 67% de seus domicílios pobres em 1995, passando para 50%, em 2008. "Há uma tendência a permanência e uma piora relativa muito grande, até mesmo em relação à região como um todo, que passou de 56% para 38%", explica Jonathan de Souza Matias, pesquisador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) e um dos autores do estudo.
Portanto, os estados nordestinos são um caso peculiar, destacando-se por não apresentarem um padrão de crescimento no período FHC. Há padrões distintos, como por exemplo, Pernambuco, com crescimento da renda domiciliar per capita de 9% e contração do mesmo montante em Alagoas. Ou a redução do índice de Gini de quase 6% no Rio Grande do Norte e expansão do mesmo indicador de mais de 9% em igual período. Com isto, a variação da pobreza também foi muito distinta, como a redução de 7% na proporção de domicílios pobres em alguns estados, em contraste com o aumento do mesmo indicador de mais de 13% em Alagoas.
Má distribuição no País
O Brasil se destaca por ter uma má distribuição de renda, com nível de desigualdade muito grande. O índice de Gini alcança 0,60; 0,59; e 0,55, respectivamente, nos anos de 1995, 2002 e 2008. O estudo aponta algo curioso na região Centro-Oeste. Embora todos os estados tenham melhorado a distribuição do rendimento domiciliar per capita, o Distrito Federal aumentou muito - até mesmo em relação a todos os estados do País.
No Brasil, além da proporção de pobres, tanto as variações na Intensidade da Pobreza, quanto em relação à Perversidade da Pobreza, são maiores no governo Lula do que no de FHC.
A redução foi de 56% e 61%, respectivamente, no período todo. Mas apenas 16% e 20% são as diminuições no período FHC, deixando a maior variação para o período Lula. (IM)
Fique por dentro
Concentração
O índice de gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini e publicada em 1912. O índice é comumente utilizado para calcular a diferença de distribuição de renda em diversos locais. A proporção consiste em um número entre 0 e 1, em que 0 representa a maior igualdade possível, e 1 equivale ao mais alto nível de desigualdade. |