Ao mesmo tempo em que a ONU prepara a chegada de mais efetivos militares ao Haiti, diversas organizações e movimentos estão se articulando de forma concreta e desinteressada a fim de remeter ao Haiti grandes quantidades de alimentos e medicamentos. A articulação mundial em prol das vítimas do terremoto é a prova de que o grito de socorro está sendo escutado nos quatro cantos do mundo.
A rede de solidariedade que está sendo formada tem como única finalidade amenizar a situação em que se encontram os milhares de haitianos e haitianas desabrigadas, famintos e desorientados. Em declaração postada em seu site e divulgada amplamente, o Jubileo Sur/Américas expressou seu anseio de que todo tipo de ajuda possa chegar livre de qualquer interesse político.
"Esta tragédia ultrapassa as fronteiras do Haiti, sendo responsabilidade da comunidade internacional dar uma resposta de socorro imediata às vítimas e de recursos e políticas a curto e médio prazo que contribuam, com todos os meios que a realidade exige, para que o povo haitiano possa reconstruir seu próprio país e futuro, livre das dominações e dependências que tanto marcaram sua vida", assinalou o Jubileo Sur.
O trecho da declaração denuncia e faz menção direta à ocupação militar do Haiti por parte da Missão de Estabilização das Nações Unidas (Minustah) e aos impactos da dominação originados no país pela dívida financeira contraída ao longo dos anos como país mais pobre das Américas.
"É momento que os governos que fazem parte da Minustah, as Nações Unidas e especialmente França e Estados Unidos, os governos irmãos de América Latina, revejam essas políticas na contramão das necessidades básicas da população haitiana. Exigimos a esses governos e organizações internacionais substituir a ocupação militar por uma verdadeira missão de solidariedade, bem como a urgente anulação da ilegítima dívida que até o dia de hoje se cobra ao Haiti", aponta outro trecho da declaração do Jubileo Sur.
Mais 3.500 policiais e militares deverão ser enviados para reforçar, durante seis meses, a Minustah. A decisão foi tomada nesta terça (19) pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) atendendo a uma recomendação de Ban Ki-moon, Secretário Geral da Organização, após uma visita ao Haiti.
Atenção especial às crianças
Embora a situação de fome, abandono e flagelo seja geral no Haiti, são as crianças as mais afetadas pela tragédia. A fragilidade dos pequenos lhes deixa sujeitos a situações ainda mais graves como tráfico, exploração sexual e traumas emocionais.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e seus parceiros estão cedendo atenção a esta parcela da população haitiana, sobretudo aos que se encontram sem os pais ou familiares. No momento, as medidas urgentes estão sendo a criação de abrigos e o registro das crianças desacompanhadas. A adoção internacional dos órfãos será, de acordo com a Unicef, "a última opção". |