Trabalhadoras e trabalhadores do Chile realizaram hoje (16) uma paralisação nacional em protesto contra as demissões ocorridas nos últimos meses no país. Sob o lema "Para que os trabalhadores não paguem a crise, para conquistar um Estado social democrático e solidário", os manifestantes saíram às ruas para mostrar sua insatisfação com o modelo de desenvolvimento implementado no Chile. Trabalhadores da saúde, o Colégio de Professores e a Agrupação Nacional de Empregados Fiscais (Anef) aderiram à manifestação.
Paralisações de atividades, atrasos coletivos, motins na entrada do trabalho foram algumas das modalidades de protestos realizadas pelos trabalhadores. Na capital chilena, no início da manhã, alguns dirigentes da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) foram detidos por tentativa de interromper o trânsito. Durante o trajeto da marcha convocada pela CUT, houve enfrentamentos entre manifestantes e policiais, que usaram um carro lança-águas e gases lacrimogêneos para dissuadir os grupos.
Na convocatória da mobilização, os trabalhadores listam uma série de exigências que possibilitariam uma melhora nas condições de vida e de trabalho da população. Dados do Instituto Nacional de Estatísticas revelam que, no Chile, o desemprego alcançou o índice de 8,5%.
O leque de demandas dos trabalhadores é bem amplo: sistema de previdência pública com garantia estatal, fim das demissões e do abuso empresarial, fim da substituição da greve e ampliação da negociação coletiva, empregos decentes, dignos e de qualidade para o setor público e privado, cumprimento irrestrito da lei de semana corrida e de salário-base.
A mobilização também exige o fortalecimento da educação pública, saúde pública de qualidade e reforma do sistema de ISAPRES, sistema de transporte público de passageiros, recuperação da terra, nacionalização da água e soberania alimentar, mudança na política habitacional, reforma tributária e uma nova constituição política, que recupere o papel do Estado na economia e acabe com a exclusão social e política.
A paralisação nacional realizada hoje é a segunda sofrida pelo governo de Michelle Bachelet. A primeira mobilização ocorreu em agosto de 2007 e foi convocada para rechaçar o modelo econômico e a desigualdade social. Na ocasião, cerca de 600 pessoas foram detidas no protesto, que foi violentamente reprimido pelo governo. |