Centrais sindicais, organizações e movimentos sociais de todo o Brasil realizaram hoje (30) uma manifestação contra a crise econômica que continua afetando a vida dos trabalhadores com as demissões em massa. No manifesto distribuído durante as atividades, os trabalhadores afirmam que não pagarão pela crise e dizem não às demissões, exigem redução dos juros e mais investimentos públicos.
As atividades fazem parte da Semana de Mobilização Global contra a Guerra e o Capitalismo, que ocorre de 28 de março ao dia 4 de abril, reunindo organizações e movimentos sociais do mundo inteiro. Na Europa, manifestações já foram realizadas na Alemanha e no Reino Unido. Esta segunda-feira (30) também é lembrada como o dia de defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política terrorista do Estado de Israel, pela soberania e autodeterminação dos povos.
Em São Paulo, o Ato Internacional Unificado contra a Crise foi convocado por mais de 20 organizações e culminou numa passeata que partiu da Avenida Paulista até o centro da cidade, passando por pontos específicos como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Banco Central e Bolsa de Valores de São Paulo. No Rio de Janeiro, as mobilizações ocorreram na capital e no município de Volta Redonda, sede da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
"Nessa manifestação, nós destacamos três pontos: primeiro, a unidade de luta que conquistamos entre as organizações, mesmo com as nossas diferenças. Em segundo lugar, queremos dar uma resposta às empresas de que não aceitamos arcar com o ônus dessa crise. E em terceiro, foi uma mobilização de cobrança ao governo federal para que este proteja o emprego. Queremos que o governo baixe uma lei que proíba as demissões, pois ele possui instrumentos para isso", afirma Zé Maria, por parte do Conlutas.
Segundo Zé Maria, a manifestação em São Paulo reuniu pelo menos dez mil pessoas e pode ser considerada como o início de um processo para a implementação de uma greve geral em protesto contra as demissões em massa: "Nos próximos dias, vamos nos reunir com as outras centrais sindicais com o objetivo de discutir as próximas mobilizações para pressionar as empresas, o executivo e o legislativo a defenderem os direitos dos trabalhadores".
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregadas revelam que 730 mil postos de trabalho foram fechados entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009. Estima-se que o número de demissões tenha alcançado a cifra de um milhão. A pesquisa de emprego e desemprego (Seade/Dieese) indicam que o desemprego subiu de 12,7% em dezembro para 13,1% em janeiro nas seis principais capitais e regiões metropolitanas. No total, a população desocupada alcançou 2,63 milhões de trabalhadores.
Nas manifestações de hoje, os trabalhadores reiteraram apoio a todos aqueles que sofreram demissões, principalmente os 4.270 funcionários da Embraer, que lutam pela readmissão. Sem esquecer o campo, uma das palavras de ordem do ato é "Reforma Agrária Já", que se mostra uma alternativa para a crise econômica, garantindo a produção de alimentos e a matéria-prima para a indústria, fortalecendo o mercado interno e promovendo justiça social.
Os movimentos sociais ressaltam que a crise econômica atingiu o agronegócio, revelando que esse modelo não tem sustentabilidade. Apenas em dezembro, o agronegócio demitiu 134 mil pessoas em todo o país, tornando-se o segundo setor que mais demitiu com a crise, mesmo com a alta lucratividade do último período e com os investimentos do governo.
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