Por Láercio Pereira
A mídia fez um oba-oba com a fusão do Itaú e do Unibanco. Falaram até em conquista do mercado mundial (“global player”). Na verdade esta fusão não interessa aos bancários e nem ao Brasil. A fusão amplia a concentração bancária e reduz os empregos. Ou seja, os clientes tem que se submeter aos interesses dos bancos e o desemprego aumenta no país. Os únicos que ganham coma fusão são os banqueiros e os especuladores que aproveitam para ganhar com as ações nas Bolsas.
Para piorar, este processo acelerou a compra da Nossa Caixa e coloca em baila a fusão do BB e da CEF. O ministro Mantega e o governador Serra fecharam a compra da Nossa Caixa pelo BB por R$ 5,4 bilhões. Serra está muito satisfeito pois abocanhará esse dinheiro para gastar em favorecimentos, com a cumplicidade do PT e de Lula.
O ministro Mantega elogiou a fusão Itaú-UBB e apoiou a compra da Nossa Caixa argumentando que dá mais segurança ao Sistema Financeiro. Se dá mais segurança, porque disponibilizar R$ 160 bilhões de compulsório para os bancos? Será que o ministro não deveria se preocupar com os clientes, que não terão alternativas às tarifas exorbitantes, ou com os bancários que perderão seus empregos? Se Mantega tivesse um verdadeiro compromisso com o povo e o país, ele bloquearia a fusão Itaú-UBB e atuaria para fortalecer o BB, a CEF e a Nossa Caixa como instituições públicas a serviço dos interesses populares e nacionais.
Lula dá R$ 160 bilhões para os bancos. É papel do governo salvar banqueiros ?
Em meio ao discurso que os bancos estão sólidos, o governo liberou R$ 160 bilhões de depósito compulsório para os bancos. Este dinheiro pertence aos clientes dos bancos. Ele fica depositado no Banco Central como uma garantia para os clientes, para evitar que os bancos operem com estes recursos e eles não estejam disponíveis para os clientes. O compulsório sobre depósito a vista era muito mais alto, cerca de 90%, há 20 anos.
Com a liberação do compulsório, os clientes ficam em situação de maior risco. O governo não deveria agir de outra forma?
Com a crise econômica mundial, o governo deveria dar garantias para os clientes e para os trabalhadores, e não para os bancos. O governo deveria obrigar os bancos a constituir um Fundo Garantidor muito maior, que garantisse depósitos e investimentos até mil salários mínimos (R$ 415 mil). Além disso o governo deveria ratificar a convenção 158 da OIT e dar garantia de emprego para os bancários. Caso um banco vá à falência ou demita trabalhador, o governo deveria intervir, nacionalizar o banco e bloquear os bens dos controladores. Este é o papel de um governo preocupado com os clientes e com os trabalhadores. Chega de salvar banqueiro.
Estabilidade no emprego, já!
Estas fusões irão ampliar as demissões no setor bancário. Devemos exigir do governo a estabilidade no emprego ao invés de ajuda a banqueiros e especuladores.
Necessitamos construir uma sólida unidade para a luta em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores frente à crise.
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